A Sociedade Brasileira de Imunizações, a Sociedade Brasileira de Infectologia e a Sociedade Gaúcha de Infectologia emitiram uma nota técnica neste sábado (11), recomendando a vacinação das vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul e das equipes envolvidas nas operações de busca e salvamento em todo o estado.
Segundo as entidades, devido à exposição à água das enchentes, tanto a população atingida quanto os socorristas enfrentam um risco elevado de doenças infecciosas transmitidas pela água ou pelo ambiente, além de mordidas de animais, traumas diversos, contaminação de feridas por lama ou água contaminada e doenças respiratórias devido à aglomeração de pessoas. Muitas dessas doenças podem ser evitadas ou prevenidas por meio da vacinação.
Aqui estão as principais recomendações das entidades:
Carteira de vacinação
Crianças, adolescentes, adultos, idosos, gestantes e pacientes com comorbidades ou imunossuprimidos que possuem a carteira de vacinação disponível devem completar as doses faltantes de acordo com a faixa etária ou situação clínica. Aqueles sem registro formal de vacinação devem ser considerados não vacinados para as doses recomendadas.
Vacinas de rotina
Crianças e adolescentes sem registro de vacinação devem ser tratados como se estivessem em dia com as vacinas de rotina e devem receber apenas as doses indicadas para a idade atual.
Gestantes
Mulheres grávidas devem receber vacinas inativadas especialmente recomendadas para pessoas deslocadas por desastres e enchentes, desde que não sejam contraindicadas para esse grupo.
Contraindicações
Gestantes, pessoas imunocomprometidas ou em uso de drogas imunossupressoras não devem receber vacinas virais vivas atenuadas, como a vacina contra a varicela, sarampo, rubéola, caxumba, febre amarela e dengue.
Soros
Soros e imunoglobulinas devem ser usados em casos de necessidade de proteção imediata contra raiva e tétano, ou seja, quando não é possível esperar o tempo necessário para o indivíduo responder às doses produzindo anticorpos.
Aplicação concomitante de vacinas
A aplicação concomitante de vacinas pode ser feita desde que em locais distintos do corpo. No entanto, é necessário respeitar os intervalos específicos, dependendo da combinação de doses.
Gripe e COVID-19
Todas as pessoas com 6 meses ou mais, vítimas de enchentes ou envolvidas em operações de busca e salvamento, devem receber vacina contra a gripe e COVID-19, exceto aquelas com contraindicações. As doses são importantes para evitar surtos em abrigos.
Tríplice viral
A vacina contra sarampo, rubéola e caxumba deve ser aplicada em todas as pessoas entre 12 meses e 59 anos de idade, vítimas de enchentes ou envolvidas em operações de busca e salvamento.
Hepatite A
Desde 2014, a vacina contra hepatite A é recomendada para todas as crianças aos 12 meses de vida ou até os 5 anos, se ainda não vacinadas. No caso do Rio Grande do Sul, a indicação se deve ao risco de surtos durante e após períodos de enchentes.
Tétano
Adolescentes, adultos e idosos devem receber uma dose de reforço antitetânico se não tiverem sido vacinados contra o tétano nos últimos cinco anos ou se não tiverem a carteira de vacinação disponível.
Raiva
A vacina antirrábica só deve ser usada para profilaxia pós-exposição em caso de acidente de risco para raiva.
Hepatite B
Todos os envolvidos em resgates, profissionais de saúde, socorristas e voluntários devem receber a vacina.
Febre tifoide
A vacinação contra febre tifoide é recomendada para socorristas, se disponível.
Essas medidas visam garantir a proteção da população afetada e dos profissionais envolvidos nas operações de socorro diante das condições adversas provocadas pelas enchentes.