O Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), vinculado ao Governo do Estado, reforça os cuidados necessários ao adquirir cabos elétricos fora das normas de segurança. Esses produtos, por não atenderem às exigências de fabricação, podem trazer sérios riscos, como acidentes e incêndios. “Uma forma de assegurar que um produto elétrico atende aos padrões de qualidade e segurança é a certificação feita por um organismo independente. O Tecpar é um dos organismos acreditados pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) para avaliar e certificar produtos elétricos como fios, cabos e cordões flexíveis elétricos, plugues, tomadas e interruptores. Essa certificação garante que o produto foi devidamente testado e é seguro para uso”, afirma Fábio Corrales, gerente do Tecpar Certificação.
De acordo com o Anuário Estatístico de Acidentes de Origem Elétrica, divulgado em 2024 pela Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel), o número de incêndios provocados por sobrecarga elétrica ou curto-circuitos tem aumentado ao longo dos anos. Em 2024, foram registrados 1.186 casos no Brasil, resultando em 50 mortes. Em 2023, haviam sido registrados 963 incêndios. O relatório enfatiza que parte dessas ocorrências está relacionada ao uso de fios e cabos fora dos padrões de normalização, frequentemente ofertados por fabricantes que substituem o cobre por material de menor qualidade, comprometendo a capacidade de condução elétrica e enganando os consumidores com informações falsas.
No Brasil, determinados produtos elétricos, como fios, cabos, plugues, tomadas e interruptores, precisam obrigatoriamente apresentar a marca de conformidade para serem comercializados. Essas regulamentações visam assegurar a segurança durante o uso, sendo a fiscalização realizada pelo Inmetro. No portal do instituto, é possível consultar a lista de produtos certificados.
No campo da certificação voluntária, um exemplo vem da Cablie Condutores Elétricos, situada em Quatro Barras. A empresa optou por buscar certificações junto ao Tecpar para seus cabos elétricos, mesmo sem obrigação legal. Há oito anos no mercado, a Cablie atende clientes como Eletrobras Furnas, Cemig e Copel. “Essa certificação foi muito importante para a empresa, para criarmos uma cultura e um procedimento interno de rastreabilidade, de qualidade do nosso produto. Nós mudamos a nossa forma de trabalho, de gestão e de controle com a entrada da ISO 9001”, afirma Pedro Iacono Filho, CEO da empresa.
Este ano, a Cablie decidiu certificar seus cabos elétricos como diferencial competitivo, segundo o empresário. “Eu sempre trabalhei com produtos de qualidade, então pensei: por que não certificar os meus cabos? É um diferencial para expor quando alguém questiona o meu preço, dizendo que o concorrente está mais barato. Eu respondo que o meu produto é certificado e seguimos uma série de exigências e normas para entregar um produto de qualidade”, relata.
Pedro observa que os produtos fora das normas são um grande problema no país. “Nos locais onde não há fiscalização vemos muitas fábricas fazendo materiais fora de norma, como plástico sem certificação ou produto de segunda linha, por exemplo. É exatamente por isso que ocorrem esses grandes volumes de incidentes”, destaca. Para ele, certificar não garante apenas segurança aos consumidores, mas também proporciona melhorias internas. “Mostra nossa preocupação em manter um produto bom. Antigamente eu tinha que correr para buscar uma rastreabilidade, havia desencontro de informação dentro da empresa. Com a vinda da ISO e da certificação, tudo ficou mais fácil, as informações estão mais claras, especialmente quando passamos por alguma inspeção.”
A parceria com o Tecpar reflete na busca constante por qualidade e segurança. Credenciado pelo Inmetro desde 1997, o Tecpar atua na certificação de sistemas de gestão e produtos, como o Sistema de Gestão da Qualidade (ISO 9001), Gestão Ambiental (ISO 14001), Saúde e Segurança Ocupacional (ISO 45001), Gestão de Segurança Viária (ISO 39001), entre outros. O instituto também foi o primeiro organismo acreditado junto ao Ministério da Agricultura para auditar a certificação de orgânicos.