Já no primeiro dia do outono, um dos fenômenos mais característicos do período deu as caras: o nevoeiro, mais conhecido como neblina. Nessa época do ano, é comum que os dias amanheçam com pouca visibilidade. Um ditado popular afirma: “neblina que baixa, sol que racha”. Mas será que toda neblina é sinônimo de um dia ensolarado?
De acordo com o Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental (Simepar), o nevoeiro é um fenômeno meteorológico que ocorre pela presença de minúsculas gotículas de água suspensas no ar, reduzindo a visibilidade a menos de um quilômetro. “Ele ocorre devido à condensação do vapor d’água próximo à superfície terrestre, geralmente quando a temperatura do ar diminui e atinge a temperatura do ponto de orvalho – temperatura na qual o ar precisa ser resfriado, a pressão constante, para que o vapor d’água nele presente comece a se condensar, formando as gotículas”, explica Reinaldo Kneib, meteorologista do Simepar.
Se a visibilidade for maior do que um quilômetro, mas a nitidez da visão estiver prejudicada por partículas de umidade, o fenômeno é chamado de névoa. Ambos os fenômenos são mais frequentes no outono, posição que pode ser explicada por algumas características particulares do período. “As massas de ar seco são mais estáveis. As noites são mais longas, permitindo maior resfriamento do ar, e com isso a umidade relativa do ar fica mais elevada e esse ar úmido pode atingir o ponto de orvalho”, ressalta Kneib.
Mas o ditado popular sempre se aplica? Nem sempre. “Na maioria das vezes o nevoeiro se dissipa e o sol predomina. Porém, nas regiões serranas o nevoeiro, ao invés de dissipar, pode evoluir, subir e deixar o céu encoberto, mas sem a restrição de visibilidade na superfície”, acrescenta Kneib.
Existem diferentes tipos de nevoeiro, que variam de acordo com suas causas. O primeiro tipo é o nevoeiro de radiação, que ocorre em noites claras e sem vento, quando o solo perde calor por irradiação. É comum em áreas rurais e em vales, como em Curitiba e região. O segundo tipo é o nevoeiro de advecção, formado quando o ar quente e úmido passa sobre uma superfície mais fria, algo frequente em áreas costeiras, incluindo o Leste do Paraná. O nevoeiro de evaporação, ou mistura, é o terceiro tipo e aparece quando o vapor d’água é adicionado ao ar frio, algo característico de lagos e rios no inverno ou em áreas onde corpos d’água quentes entram em contato com o ar frio. Também é comum sobre mares e oceanos após tempestades. Já o quarto tipo, nevoeiro de encosta (ou orográfico), surge quando o ar úmido é forçado a subir uma elevação, como uma montanha ou colina, sendo típico de áreas montanhosas. Por fim, o quinto tipo é o nevoeiro frontal, associado ao encontro de uma frente quente com uma massa de ar frio, provocando condensação devido às diferentes temperaturas. Esse tipo pode cobrir áreas mais amplas que os outros.
As condições geradas pelo nevoeiro têm implicações em diferentes setores e exigem atenção especial. No Aeroporto Afonso Pena, por exemplo, foram feitos diversos investimentos para permitir que as aeronaves operem por instrumentos, reduzindo as chances de fechamento nos frequentes dias de pouco visibilidade. Nesse caso, os aviões são guiados por GPS até que o piloto consiga visualizar a pista a 300 metros. Com visibilidade suficiente, o pouso pode ocorrer com segurança.
Nas rodovias, dirigir durante a neblina exige redobrar os cuidados. O Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv) orienta que os motoristas reduzam a velocidade e aumentem a distância para o veículo à frente. O uso do farol baixo é obrigatório, já que usar o farol alto pode piorar a visibilidade devido ao reflexo da luz nas partículas de umidade. Além disso, o uso das luzes de neblina deve ser reservado para quando for extremamente necessário, para evitar ofuscamento de outros motoristas. O ar-condicionado ou a abertura parcial das janelas ajuda a evitar o embaçamento dos vidros.
Se a neblina for muito intensa, estacionar em local seguro é uma recomendação do BPRv até que a visibilidade melhore. A segurança nas estradas depende de um comportamento responsável e adequado às condições do momento.