A alergia alimentar ocorre quando o sistema imunológico responde de forma anormal a determinados alimentos, mesmo em quantidades mínimas, podendo causar reações que vão de leves a severas. Um exemplo disso foi o caso da influenciadora Dominique Brown, que morreu aos 34 anos após consumir alimentos aos quais era alérgica durante um evento de uma empresa do ramo alimentício.
“A alergia alimentar é uma reação adversa do sistema imunológico a determinados alimentos. O que acontece é que certas proteínas são identificadas como nocivas pelo organismo, ativando uma resposta imunológica exagerada que pode variar de leve a grave e envolver múltiplos sistemas do corpo”, explica a nutróloga Dra. Marcella Garcez, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN). A médica enfatiza que é essencial que pessoas com alergia alimentar, juntamente com seus familiares e cuidadores, estejam bem informadas e preparadas para lidar com possíveis reações alérgicas.
1. Quais alimentos mais costumam causar alergia?
Os alimentos mais comuns que causam alergias alimentares são frequentemente referidos como os ‘oito grandes’ alérgenos, responsáveis pela maioria das reações alérgicas. São eles:
– Leite, especialmente entre crianças pequenas;
– Ovos, principalmente a proteína presente na clara;
– Amendoim, que está entre as alergias alimentares mais graves e potencialmente fatais;
– Oleaginosas, como nozes, amêndoas e avelãs;
– Peixes;
– Frutos-do-mar;
– Soja, mais comum em crianças, mas que pode ser superada na infância;
– Trigo, que pode causar reações devido a várias proteínas, não apenas pelo glúten.
2. Quais são os sintomas de uma alergia alimentar?
Os sintomas podem variar em gravidade e afetar diferentes partes do corpo. Geralmente, aparecem minutos ou horas após a ingestão do alimento alergênico. Na pele, podem surgir urticária, prurido, eczema e angioedema, caracterizado por inchaço das camadas mais profundas da pele. Sintomas gastrointestinais incluem dor abdominal, náusea, vômito e diarreia. Os sintomas respiratórios podem incluir congestão nasal, rinorreia, espirros, tosse, chiado no peito, dificuldade para respirar e edema da glote, que pode obstruir as vias aéreas. Além disso, podem ocorrer tontura, desmaio, queda de pressão arterial e palpitações, associados a reações cardiovasculares. Em casos mais graves, há risco de anafilaxia, uma reação alérgica severa e potencialmente fatal, com sintomas como inchaço da garganta, dificuldade para respirar, queda acentuada da pressão arterial, perda de consciência, taquicardia, erupções generalizadas e sintomas neurológicos como ansiedade e confusão.
3. O que fazer ao perceber os sintomas de alergia alimentar?
Diante de sintomas de alergia alimentar, é crucial agir rapidamente. Primeiro, identifique a gravidade dos sintomas. Para reações leves a moderadas, são indicados anti-histamínicos. Em caso de anafilaxia ou sintomas graves, deve-se administrar um autoinjetor de epinefrina de imediato e contatar um serviço de emergência. Enquanto aguarda ajuda médica, posicione a pessoa de maneira a facilitar sua respiração, seja sentada, semissentada ou deitada de lado se estiver inconsciente. Monitore constantemente. Se os sintomas não melhorarem em 5 a 15 minutos após a primeira dose de epinefrina e a emergência não tiver chegado, administre uma segunda dose. Mesmo com aparente melhora, é importante que o paciente seja avaliado no hospital, pois podem ocorrer reações bifásicas, em que os sintomas retornam após um período inicial de alívio.
4. Quais testes podem ser feitos para identificar a alergia alimentar?
O diagnóstico da alergia alimentar deve ser realizado por um especialista em alergologia ou imunologia. Os testes incluem:
– Histórico médico detalhado para analisar possíveis gatilhos;
– Diário alimentar para identificar alimentos relacionados aos sintomas;
– Exames de sangue para avaliar a presença de anticorpos específicos;
– Testes de provocação oral, feitos sob supervisão médica rigorosa;
– Dieta de eliminação, em que os alimentos suspeitos são evitados temporariamente;
– Teste de contato (ponto a ponto) com pequenas quantidades do alimento na pele;
– Testes de componentes alergênicos, que verificam proteínas específicas das substâncias alergênicas.
5. Como prevenir alergias alimentares?
A prevenção envolve evitar os alimentos causadores da alergia. Leia rótulos atentamente, pergunte sobre ingredientes ao comer fora e evite contaminação cruzada na cozinha, utilizando utensílios separados. É essencial treinar amigos e familiares para reconhecer reações alérgicas e saber usar um autoinjetor de epinefrina. Sempre carregue medicamentos prescritos e planeje emergências, utilizando pulseiras ou colares informativos sobre a condição. Na infância, introdução alimentar orientada por um pediatra e amamentação exclusiva até os seis meses de idade podem ajudar a reduzir o risco. Consultas regulares com um alergista são fundamentais para monitorar o quadro e ajustar os cuidados necessários.