A equipe do Laboratório de Ecologia e Conservação da Universidade Federal do Paraná (LEC-UFPR) detectou um crescimento nos casos de intoxicação por botulismo em gaivotas (Larus dominicanus) no litoral do Paraná, por meio do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS).
O aumento, comum no verão devido às altas temperaturas e à presença intensificada de pessoas nas praias, preocupa os pesquisadores não apenas pela sazonalidade, mas também pelo aumento significativo em comparação com temporadas anteriores.
O Centro de Reabilitação, Despetrolização e Análise de Saúde de Fauna Marinha (Cred), coordenado pelo LEC/UFPR, atendeu 15 gaivotas vivas e debilitadas em dezembro de 2023, das quais 13 apresentaram sinais de intoxicação por botulismo. Esses números já superam os resgates realizados na temporada anterior, entre dezembro de 2022 e fevereiro de 2023.
O médico veterinário Fábio Henrique de Lima, responsável técnico do PMP-BS/LEC-UFPR, relaciona o aumento dos casos ao El Niño e aos impactos intensificados das mudanças climáticas, resultando em temperaturas mais elevadas e rápida decomposição de matéria orgânica, favorecendo a contaminação pela toxina da bactéria causadora do botulismo.
Os sinais clínicos da intoxicação incluem paralisia, manifestações neurológicas, diarreia e vômito. Embora seja uma condição grave, se tratada a tempo, pode ser revertida. A substância intoxicante não é contagiosa e não é transmitida entre aves e humanos.
Para minimizar os casos, é fundamental conscientizar a comunidade sobre a correta disposição do lixo, levando os resíduos de volta para casa. A preservação de um ambiente saudável para as espécies marinhas é uma responsabilidade compartilhada.
Em caso de animais marinhos encalhados, a equipe do PMP-BS/LEC-UFPR pode ser contatada pelo 0800 642 33 41. É recomendado proporcionar sombra aos animais vivos até a chegada do resgate especializado.
O Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) é uma exigência do licenciamento ambiental federal conduzido pelo Ibama para as atividades da Petrobras na Bacia de Santos. No Paraná, Trecho 6, essa condicionante é realizada pela equipe LEC/UFPR (@lecufpr e www.lecufpr.net).
Foto: UFPT / Rafaela Moura