A Casa da Memória de Campina Grande do Sul está recebendo, até o dia 11 de julho, a exposição “A Arte Indígena de Norte a Sul”, uma mostra que reúne peças, réplicas e artefatos de diversas etnias indígenas brasileiras — desde a Amazônia até a região centro-sul do Paraná. A iniciativa é da Secretaria Municipal de Cultura e conta com curadoria e montagem do diretor do espaço, José Antonio.

Segundo ele, o objetivo da exposição é mostrar a riqueza artística dos povos originários e valorizar a diversidade cultural indígena no país. “Queremos romper com a ideia limitada de que os indígenas não produzem arte. Eles possuem uma estética própria, uma lógica harmônica e uma produção profundamente conectada com a natureza e com a espiritualidade”, explicou.
A exposição conta com peças de diferentes regiões e etnias, como os índios Xikrim da Serra dos Carajás, os Waiwai do Pará, os Marajoaras da Ilha de Marajó, povos do Acre, do Amazonas, do Mato Grosso, além dos Guaranis de Quatro Barras e dos Kaingangs da reserva de Mangueirinha, no Paraná.

Grande parte do acervo pertence a um estudioso da cultura indígena que cedeu temporariamente suas peças para a mostra. “Ele visita tribos da Amazônia, adquire ou recebe objetos diretamente das comunidades. Desde o ano passado combinamos que traríamos esse acervo para o público local”, contou José Antonio.
Entre os destaques da exposição estão:
· Urnas funerárias utilizadas em rituais de cremação;
· Réplicas arqueológicas de máscaras e artefatos cerimoniais;
· Instrumentos musicais, como chocalhos e o tradicional pau de chuva;
· Zarabatanas, machadinhas, remos reais e brinquedos indígenas feitos com borracha de seringueira;
· Artefatos esculpidos em madeira leve chamada miniti, conhecida como o “isopor da Amazônia”;
· Pinturas representando indígenas ribeirinhos da região do Rio Negro;
· Cerâmicas marajoaras, máscaras de rituais de passagem e objetos do cotidiano das aldeias.
A exposição também inclui cestarias dos Kaingangs, colares, cocares e tecidos tingidos naturalmente com pigmentos extraídos de folhas, cascas e frutos. “Mesmo nos trabalhos mais simples, como as cestas dos Kaingangs, há uma harmonia, um cuidado estético que representa um legado cultural importante”, completou o diretor.

A secretária de Cultura do município, Janete Assunção, acrescenta que a mostra vai além da exibição de objetos. “É uma viagem pela história e espiritualidade de povos que vivem em total harmonia com a natureza. Uma aula viva de sensibilidade e identidade. Cada peça exposta carrega memórias, rituais e saberes ancestrais que nos convidam a refletir sobre o respeito à diversidade e à preservação da vida em todas as suas formas. É uma oportunidade única de reconexão com valores essenciais que muitas vezes esquecemos na correria do cotidiano”.
Serviço
Exposição “A Arte Indígena de Norte a Sul”
Até 11 de julho de 2025
De segunda a sexta-feira, das 9h às 17h
Local: Casa da Memória de Campina Grande do Sul – Avenida São João, 681 – Centro
Informações: (41) 3162-7230