O número de estabelecimentos produtores de cerveja registrados no Brasil atingiu 1.847 em 2023, refletindo um crescimento de 6,8% em relação ao ano anterior, o que equivale a 118 cervejarias novas.

Os dados constam no Anuário da Cerveja do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), divulgados nesta terça-feira (11) em São Paulo, durante o Congresso Brasileiro de Ciência e Tecnologia (CBTEC), parte do Brasil Brau, o maior evento da indústria cervejeira brasileira.

“Nos últimos anos, percebemos que o ritmo de crescimento do número de estabelecimentos diminuiu, mas isso ocorre porque a base está maior. Temos um processo de interiorização da cerveja no país, e esse é um desafio: crescer e distribuir”, destacou o geógrafo Eduardo Marcusso, do Ministério da Agricultura.

São Paulo continua liderando como o estado com o maior número de cervejarias, com um total de 410 estabelecimentos registrados, seguido pelo Rio Grande do Sul (335), Minas Gerais (235), Santa Catarina (225) e Paraná (171). Considerando as regiões, o Sudeste tem o maior número de produtores de cerveja, com 856 estabelecimentos registrados, seguido pelo Sul (731), Nordeste (122), Centro-Oeste (96) e Norte (42).

Em relação aos municípios, a capital paulista é a cidade com o maior número de cervejarias registradas, com um total de 61. Em seguida, vêm Porto Alegre (43), Curitiba (26), Caxias do Sul (RS) (23), Nova Lima (MG) (22) e Belo Horizonte (21).

O anuário revela também que em 771 municípios brasileiros há pelo menos uma cervejaria, o que representa um aumento de 6,8% em comparação com o número registrado em 2022 (722).

O Rio Grande do Sul é a unidade da federação que apresenta a maior concentração de cervejarias em relação à população, ultrapassando Santa Catarina e alcançando a primeira posição em 2023, com um estabelecimento para cada 32.486 habitantes. Em seguida, aparecem os estados de Santa Catarina (33,8 mil), Espírito Santo (46,7 mil), Paraná (66,9 mil) e Minas Gerais (87,4 mil). Na média nacional, há uma cervejaria registrada para cada 109,9 mil habitantes.

O anuário revela que em 2023 houve um aumento de 6,6% em relação ao número de produtos registrados em 2022, totalizando 45.648 cervejas. Em média, os estabelecimentos brasileiros têm 24,7 registros de produtos.

Pela primeira vez, o anuário traz dados sobre a produção nacional de cerveja, obtidos da Declaração Anual de Produção e Estoques, realizada pelos estabelecimentos elaboradores de cerveja registrados junto ao Mapa.

O volume de produção declarado atingiu o montante nacional de 15,36 bilhões de litros. A Região Sudeste tem o maior volume de produção declarado, representando 53,4% da produção nacional. A Região Norte foi a única que não ultrapassou a marca de 1 bilhão de litros de cerveja produzidos.

A importação brasileira de cerveja vem diminuindo desde 2019. A redução observada em 2023 acentuou-se, atingindo 51,1% em volume e 39,4% em valor (US$), totalizando 7.130.686 litros de cerveja importada, com valor total de US$ 8.597.137.

“A cerveja brasileira ocupou esse espaço que antes era da cerveja importada e não sai mais. É um espaço que ela ocupou e no qual se estabeleceu. O consumidor passou a conhecer melhor a cerveja brasileira e não precisa recorrer à importação, ao consumo de uma cerveja estrangeira. Isso vem se consolidando”, ressaltou o coordenador-geral de vinhos e bebidas do Mapa, Vitor Oliveira.

Em 2023, a Alemanha superou a Bélgica e, com um montante de 1.856.864 litros do produto, tornou-se a principal origem da cerveja importada pelo Brasil, representando 26% do total. A Alemanha é seguida pela Bélgica, Uruguai, Espanha, Paraguai e Argentina como principais origens do produto comprado pelos brasileiros.

No caso das exportações, houve um aumento de 18,6% no volume vendido ao exterior em 2023, alcançando 231.977.494 litros. A exportação faturou US$ 155,7 milhões, um aumento de 28,8% em relação ao montante do ano anterior. Os números são recordes desde o início da série, em 2011. Os principais destinos da cerveja produzida no Brasil foram o Paraguai, Bolívia, Uruguai, Chile, Cuba, Venezuela e Estados Unidos.

O superávit comercial, a diferença entre as exportações e as importações, fechou o ano de 2023 em US$ 147 milhões.

De acordo com o anuário, o setor de bebidas alcoólicas teve uma redução de 0,51% no número de vagas geradas em 2023, fechando o ano com 58.863 empregos diretos. O segmento de cerveja teve queda de 1,9%, embora ainda mantenha-se acima de 40 mil empregos, gerando 41.346 postos.