Maria Laura Ferraz, de 5 anos, foi a primeira paciente pediátrica no Paraná a ser submetida a uma transfusão de sangue no local do trauma, realizada pela equipe aeromédica do estado. Após 14 dias de internação, sendo 12 deles na UTI, ela receberá alta nesta quinta-feira (26). O caso representou um marco nos atendimentos emergenciais do estado.
A mãe da menina, Luciana (36), também ficou internada por sete dias na UTI do mesmo hospital e teve alta na última quinta-feira (19). Ambas retornavam de uma consulta médica de Maria Laura na cidade de Carlópolis, no dia 12 de dezembro, quando o carro da prefeitura de Jaboti em que estavam acabou envolvido em um grave acidente com outro veículo na BR-153, próximo a Ibaiti, que deixou duas vítimas fatais.
Dois helicópteros e uma ambulância foram acionados para o socorro. Maria Laura, com ferimentos graves no intestino, fígado e baço, precisava de uma transfusão de sangue imediata para sobreviver à transferência ao hospital. O procedimento foi realizado ainda na aeronave, salvando sua vida. “Esse equipamento de transfusão de sangue no próprio local fez toda a diferença para minha filha. Não fosse isso, minha família teria um Natal de muita tristeza, chorando a perda da nossa filha. Posso dizer sem dúvida nenhuma que minha filha nasceu de volta graças a esse equipamento”, afirmou o pai da menina, Josilei Ferraz, gerente de supermercado de 40 anos.
O resgate foi conduzido pela equipe do doutor Maurício Lemos, coordenador médico da operação aeromédica de Maringá. Ele destacou a gravidade da situação na chegada ao local. “Quando chegamos, os batimentos cardíacos da Maria Laura estavam muito acelerados devido à perda de sangue na região abdominal. Até então, eu não havia transfundido nenhuma criança no local do acidente, apenas adultos. Mas ali não tinha escolha. Ou eu fazia a transfusão de sangue, ou a menina ia morrer pela gravidade em que ela se encontrava”, relatou o médico. Segundo ele, após o procedimento, os sinais da menina começaram a estabilizar, permitindo sua chegada ao hospital.
Maurício Lemos visitou Maria Laura no hospital nesta quarta-feira (25), data de Natal: “Foi emocionante visitar essa menina, porque eu a vi morrendo e agora ela está pronta para voltar para casa graças ao procedimento que fizemos naquele momento exato.” Desde que foi implementado, este sistema de transfusões já foi utilizado 42 vezes pela base de Maringá, mas Maria Laura foi a primeira criança a ser beneficiada com o recurso.
Giovana Fratin, diretora estadual da Rede de Atenção às Urgências, enfatizou a importância do procedimento: “A hemotransfusão maciça – como é chamado o processo – melhora a condição do paciente até a chegada ao hospital de referência. Portanto, é muitas vezes a diferença entre a vida e a morte do paciente.”
O serviço aeromédico no Paraná é reconhecido em âmbito nacional e opera coberto pelo Sistema Estadual de Regulação de Urgência, com bases em Curitiba, Cascavel, Londrina, Maringá e Ponta Grossa. Além de atender vítimas de trauma, também é responsável pelo transporte de órgãos para transplantes, sendo essencial no sistema de saúde estadual. A base de Maringá ficou marcada como a primeira no Paraná a realizar hemotransfusões diretamente no local de acidentes graves.
Até novembro de 2024, o serviço aeromédico do estado havia atendido 3.292 pacientes. Em 2023, o número chegou a 4.003, considerado um recorde histórico. Este volume inclui resgates, transferências e o transporte de órgãos, reforçando o papel vital do serviço público de emergência.
“Sob a liderança do governador Ratinho Junior, estamos alcançando marcas históricas na rede de cuidado em urgência e emergência do Paraná. Há dois anos, esse esforço nos levou a atingir a cobertura total do território paranaense pelo Samu. Esse resultado assegura um atendimento ágil e eficiente, reforçando nosso compromisso com a missão de salvar vidas”, declarou Beto Preto, secretário de Saúde do Estado.