Com a reintrodução do sorotipo 3 (DENV-3) da dengue no Paraná, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) reforça a importância dos cuidados para prevenção da doença. O último registro deste sorotipo no estado havia ocorrido em 2016, o que gera preocupação, já que a população está mais suscetível à infecção. O vírus da dengue conta com quatro sorotipos conhecidos: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. A infecção por um deles confere imunidade apenas contra o sorotipo específico, permitindo novas infecções com sorotipos diferentes, que podem causar quadros clínicos mais graves.
O secretário de Estado da Saúde, Beto Preto, destacou a relevância do monitoramento epidemiológico e dos exames laboratoriais na vigilância da doença. “É possível contrair dengue mais de uma vez, por um sorotipo diferente, podendo causar um quadro clínico mais grave. No entanto, os cuidados para evitar o agravo devem ser os mesmos já adotados, como a eliminação de qualquer tipo de recipiente que acumule água ou local com água parada nos ambientes domésticos, quintais, terrenos baldios, dentre outros. Essa vigilância contribui para a implementação de medidas preventivas e de controle”, ressaltou.
Desde 28 de julho de 2023, início do período epidemiológico atual, já foram processadas 6.121 amostras voltadas à vigilância laboratorial da circulação viral dos quatro sorotipos. Desse total, 104 amostras foram positivas para dengue em pacientes do estado. As tipificações apontaram 37 casos de DENV-1, 54 de DENV-2, 13 de DENV-3 e nenhum de DENV-4. O histórico do monitoramento de sorotipos, iniciado em 1995, mostra que até 2018 o DENV-1 foi predominante. Nos anos de 2019 e 2020, o DENV-2 prevaleceu, mas o DENV-1 voltou a ser o mais comum a partir de 2021. Em 2024, porém, foi registrada novamente a circulação do DENV-3. No atual período epidemiológico (2023/2024), os sorotipos DENV-1, DENV-2 e DENV-3 estão em circulação. O DENV-1 representou mais de 80% das tipificações realizadas pelo Laboratório Central do Paraná (Lacen), mas a predominância tem mudado, com aumento do DENV-2.
A coordenadora da Vigilância Ambiental da Sesa, Ivana Belmonte, explicou que a maior concentração de casos costuma ocorrer entre janeiro e maio, especialmente em março e abril, apesar de a dengue ser uma doença endêmica. “Temos de nos manter vigilantes em nossas casas. O Estado está atuando em várias frentes, com várias ações, mas a colaboração e engajamento da população são fundamentais para diminuir o número de casos”, enfatizou.
A Sesa tem atuado durante todo o ano no enfrentamento às arboviroses, como dengue, zika e chikungunya, em parceria com os municípios. Entre as tecnologias implementadas no último ano no Paraná está o método Wolbachia, que envolve a liberação de mosquitos Aedes aegypti contendo a bactéria Wolbachia, capaz de impedir a transmissão do vírus da dengue. Também foram utilizadas a técnica de borrifação residual (BRI-Aedes), que aplica inseticida em paredes de imóveis com alta circulação de pessoas, e o monitoramento entomológico por ovitrampas, armadilhas específicas para a oviposição das fêmeas do mosquito.
O estado segue investindo em capacitação e ações coordenadas para conter a proliferação da doença, enquanto reforça a importância da participação da população na eliminação de criadouros do Aedes aegypti e na vigilância nas residências e locais públicos.