O Programa Mente Ativa (PMAX) transforma o ensino, a cultura e o esporte por meio do xadrez e já levou São José dos Pinhais a destaque nacional e internacional. No município, o xadrez deixou de ser apenas um jogo para se tornar política pública — e exemplo para o Brasil. Formalizado pela Lei n.º 4.001, de junho de 2022, e pelos decretos municipais n.º 6.067 e n.º 6.068, de junho de 2024, o PMAX organiza, fomenta e estrutura ações pedagógicas, culturais e esportivas com o jogo. O que era iniciado em ações pontuais hoje movimenta escolas, professores, famílias e milhares de estudantes.
“A proposta é fazer do jogo uma ferramenta educacional, terapêutica, cultural e de lazer. Um direito e não um privilégio”, afirma Vinicius Silva Rodrigues dos Santos, coordenador do Programa Cultura de Jogos e representante do PMAX na Secretaria Municipal de Educação (Semed). Segundo o coordenador, o xadrez contribui para o desenvolvimento do raciocínio lógico, paciência, concentração, capacidade de tomada de decisões e socialização dos estudantes.
Atualmente, São José dos Pinhais realiza o maior Circuito Escolar de Xadrez da América Latina, com etapas que atraem mais de 1.500 participantes. O município também vem acumulando conquistas estaduais, nacionais e sul-americanas. Um exemplo é Gustavo Horokoski de Souza, professor de xadrez e ex-participante do circuito. “Comecei a jogar xadrez na adolescência e desde então ele se tornou parte da minha vida. Me orgulho muito em dizer que sou o primeiro aluno do clube de xadrez de São José dos Pinhais”, conta Gustavo, que hoje leciona na Escola da Colina e no Colégio Militar de Curitiba. Como Mestre Nacional de xadrez, ele defende os impactos transformadores da modalidade: “O xadrez pode abrir portas e transformar histórias, assim como transformou a minha.”
Outros participantes do programa, como os irmãos Oswaldo e André Pirola Gonçalves, também são exemplos de sucesso. Ambos tiveram apoio técnico do PMAX em competições e destacam os aprendizados proporcionados pela prática. “Grande parte da minha lógica avançada acredito que foi construída pelo xadrez. Só tenho elogios à iniciativa, pois sempre me apoiaram em todos os quesitos”, afirma Oswaldo, engenheiro de software. André, hoje bicampeão paranaense de xadrez e com mais de 20 títulos em diferentes localidades do Brasil, complementa: “Comecei a treinar depois de ficar em último lugar no meu segundo campeonato. Hoje dou aulas voluntárias e particulares de xadrez”.
Além das competições, o PMAX mantém um amplo escopo de ações, como oficinas em escolas de tempo integral, produção de materiais pedagógicos, incentivo a pesquisas em parceria com universidades e capacitação de educadores, de professores de Educação Física a psicólogos que atendem nos CRAS e CREAS. Essas formações são lideradas pela Secretaria Municipal de Educação (Semed), em parceria com as Secretarias de Cultura (Semuc), Esporte e Lazer (Semel) e Assistência Social (Semas).
Gustavo Horokoski de Souza reforça a importância dessa integração: “O PMAX não apenas facilita o acesso ao xadrez, mas coloca educação, esporte, cultura e assistência social em diálogo. Isso potencializa o impacto na formação integral dos estudantes”. Ele destaca ainda o pioneirismo do município: “Não vejo nenhuma outra cidade no Brasil que promova capacitações para professores municipais de tantos níveis, eventos com mais de 1.500 crianças e atividades exclusivas relacionadas ao xadrez”.
A professora Viviane Aparecida Ferreira também é entusiasta da iniciativa. Após relutar para aprender a prática, acabou se apaixonando pelo método: “Fiz duas formações só para me sentir segura, e hoje dou aula para todas as turmas da escola”, conta. Viviane observa mudanças significativas nos alunos. “Eles desenvolvem raciocínio lógico, atenção, memória e, o mais importante, aprendem a perder, a ter resiliência e a continuar tentando.”
Juliana Augusta Gonçalves, professora de matemática, utiliza o xadrez de forma interdisciplinar. “Dedico uma das cinco aulas semanais à prática, conciliando com o desenvolvimento de habilidades necessárias à compreensão das disciplinas”, relata. Segundo ela, o xadrez acelera capacidades cognitivas e ajuda na autoestima dos estudantes.
Fora das escolas, a prática também é incentivada pela Secretaria Municipal de Cultura (Semuc) em praças e parques, e pelos espaços administrados pelas secretarias de Assistência Social (Semas) e Esporte e Lazer (Semel). O PMAX cresce com o objetivo de tornar o xadrez acessível e formativo, promovendo não apenas campeões de torneios, mas protagonistas de suas histórias.
Interessados podem procurar o Clube de Xadrez de São José dos Pinhais, com aulas nos três períodos do dia (manhã, tarde e noite). Para ingressar, é preciso ter no mínimo 6 anos e agendar uma aula teste pelo telefone (41) 99797-5601, com o presidente da FEXPAR e PMAX em São José dos Pinhais, professor Paulo Virgílio. Mais informações estão disponíveis por meio do telefone (41) 3381-5938.