Tem gente que escolhe o esporte. No caso da Gabriela Maier, de 15 anos, foi o esporte que escolheu ela. Literalmente.
Moradora do bairro Santa Rosa, em Campina Grande do Sul, ela estava lá, tranquila na escola, quando o professor Gerson teve uma ideia brilhante: “Você vai competir no Paranaense em Cascavel”. E foi assim, do nada, que ela pegou o 2º lugar no arremesso de peso. Detalhe: era a primeira vez que ela encostava no negócio! “Ele viu que eu tinha jeito”, diz ela, como quem fala que foi fazer caminhada e acabou nas Olimpíadas.
Já o disco veio depois, quase como quem muda de canal: “Foi no ano passado, nos Jogos Escolares. Primeira vez e… pá! Primeirão e fui pro Brasileiro.” Simples assim.
A virada de chave veio em Campo Mourão, em 2023. “Fiz uma prova de corrida, peguei 3º lugar e pensei: ‘hmmm… dá pra ir além’.” E foi. A menina que quase ficou só na corrida hoje gira, arremessa, voa — e coleciona medalhas. Já brilhou no Sul-Americano da Colômbia, onde voltou com um 1º e um 2º lugar e o mais recene na Sérvia (5º no disco e 4º no peso). Foi primeira viagem internacional com carimbo no passaporte. Nada mal pra quem começou meio sem querer.

Por trás do talento, uma torcida raiz
A base da Gabriela é puro amor. Mãe e irmã são as maiores fãs, apoiam em tudo. A avó, que junto da mãe veio do Rio de Janeiro há mais de 40 anos, também é pilar importante — mesmo passando por um drama recente. Quando Gabriela se preparava pra uma viagem à Sérvia, a avó sofreu um AVC e trombose, perdendo as duas pernas. Hoje ela se recupera no Hospital do Rocio, e Gabriela segue firme. “Quis desistir várias vezes. Mas o atletismo mudou minha vida. Me apaixonei.”
Apesar de tudo, ela segue treinando duas vezes por semana. Isso mesmo: duas. E mesmo assim arrasa. Cadê as desculpas agora?
Dentro de casa, ela também é exemplo. Segundo a mãe, Sandra Regina Batista da Silva, que é servidora pública municipal, Gabriela é “muito educada, maravilhosa, amiga, companheira. Ela tem iniciativa pra tudo, não precisa pedir a ajuda dela, ela está sempre ali, presente pra tudo.” Um orgulho que vai muito além das pistas.

Na escola e na vida, nota 10 com louvor
No Colégio João Maria de Barros, os professores já sabem: se ela não tá na aula, é porque tá trazendo medalha.
Ah, e se você acha que a inspiração dela é algum atleta famoso, errou feio. São as mulheres da vida dela: mãe e avó. Guerreiras, fortes e presentes. “Tudo que conquistei, devo a elas.”
Futuro? Ela já tá escrevendo com estilo
Daqui a uns anos, Gabriela se vê dividida entre um emprego fixo, uma vida estável e, claro, ainda brilhando no atletismo. E representar o Brasil em uma competição internacional? “Com certeza! Sempre esteve nos meus planos.”
E pra fechar, o conselho que ela daria pra outras meninas que têm um sonho, mas acham que não vão conseguir?
“Se joga, minha filha! Se você ama de verdade, corre atrás. Não pensa duas vezes!”
