Dos 366 casos confirmados de Hepatite A em Curitiba, 220 resultaram em internações (60%) e 12 (3,2%) exigiram cuidados intensivos em UTI. A maioria das confirmações, 73%, afetou homens (267) e 27% mulheres (99).
Os dados foram divulgados pela Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de Curitiba nesta segunda-feira (1/7) através do novo boletim epidemiológico da Hepatite A, que registrou mais 13 casos na cidade em apenas uma semana.
De janeiro até 28 de julho, foram confirmados 366 casos, com cinco óbitos e um transplante hepático devido à Hepatite A na capital paranaense, configurando um surto da doença em Curitiba. No mesmo período de 2023, apenas cinco casos foram confirmados na cidade.
O inquérito epidemiológico realizado pelas equipes da SMS e do Programa de Epidemiologia Aplicada do Sistema Único de Saúde (EpiSUS) do Ministério da Saúde identificou que o surto é transmitido de pessoa para pessoa, com a principal fonte de contaminação sendo a transmissão sexual, predominantemente em homens jovens entre 20 e 39 anos.
“Nosso principal conselho é adotar hábitos preventivos, especialmente a higiene das mãos, genitália e região anal antes e depois de práticas sexuais”, orienta Alcides Oliveira, diretor do Centro Municipal de Epidemiologia.
Historicamente, a Hepatite A estava associada a condições de saneamento e à ingestão de água ou alimentos contaminados, sendo mais comum em crianças devido à falta de hábitos frequentes e cuidadosos de higiene das mãos. O vírus, presente nas fezes contaminadas, é transmitido pelo contato dessas fezes com a boca.
Em crianças, a doença geralmente é benigna e facilmente tratável. No entanto, em adultos, a Hepatite A tende a ser mais grave, muitas vezes requerendo hospitalização, uma realidade refletida no surto enfrentado atualmente em Curitiba.
Cidade aguarda chegada de vacinas para iniciar bloqueio Com o objetivo de interromper a transmissão para mais pessoas, a SMS aguarda a chegada de vacinas para realizar o bloqueio de casos. Isso significa vacinar os contatos familiares e sexuais daqueles que tiveram confirmação de Hepatite A nos últimos 15 dias.
“A estratégia de vacinação está sendo definida esta semana e será implementada assim que as novas doses forem recebidas do Ministério da Saúde”, explica Alcides Oliveira.
Desde 2014, a vacina contra Hepatite A está disponível no calendário nacional de vacinação do SUS para crianças de 1 a 4 anos, sendo administrada nas Unidades de Saúde. Os endereços podem ser consultados no site Imuniza Já Curitiba.
Para adultos, a vacinação está disponível apenas em casos específicos, como para pessoas vivendo com HIV/Aids, doadores de órgãos sólidos, transplantados, entre outros, nos Centros de Referência de Imunológicos Especiais (Crie) do Governo do Estado.
Sintomas
Os sintomas mais comuns incluem falta de apetite, mal-estar geral, náuseas, febre e fadiga, podendo progredir para icterícia (olhos e pele amarelados), urina escura e fezes claras.
Os sintomas iniciais podem ser facilmente confundidos com os de muitas viroses. Portanto, é crucial procurar atendimento médico para um diagnóstico diferencial. Em caso de sintomas leves, é possível buscar atendimento através da Central Saúde Já, ligando para 3350-9000.
“Os jovens têm tendência a minimizar sintomas e a se automedicar. No caso da infecção por Hepatite A, isso pode prejudicar o fígado, que já está comprometido pela doença, podendo agravar a situação de saúde da pessoa”, alerta o médico da SMS.
Prevenção nas relações sexuais A principal forma de prevenção é a higiene, tanto na lavagem frequente das mãos com água e sabão antes de comer e após usar o banheiro, quanto durante as práticas sexuais, que requerem cuidados específicos de higiene e o uso de proteção.
Outras medidas de prevenção incluem lavar as mãos regularmente, especialmente após o uso do banheiro e antes de preparar alimentos; lavar bem e, se possível, deixar de molho em água tratada, clorada ou fervida os alimentos consumidos crus; cozinhar completamente os alimentos, especialmente frutos do mar, mariscos e peixes; lavar adequadamente pratos, copos, talheres e mamadeiras; utilizar instalações sanitárias adequadas; evitar banhar-se ou brincar em locais próximos a esgotos, valões, riachos, chafarizes ou áreas alagadas; e evitar a construção de fossas próximas a poços e nascentes de rios.