Em Campina Grande do Sul, mais precisamente no bairro Jardim Paulista, existe um restaurante que carrega não apenas o sabor da comida caseira, mas a história de uma família que cresceu ao redor de panelas, fornos e muito trabalho. Em mais uma edição especial para o Dia das Mães, contamos a trajetória de Jane Menin, 55 anos, e do filho Thiago Menin, 34, que juntos comandam o tradicional restaurante Feijão da Roça, há 18 anos em atividade.
Jane é natural de Caçador, em Santa Catarina, e chegou à Campina Grande do Sul sem recursos, mas com muita disposição. Começou sua caminhada no comércio local com o incentivo de um parente, dono de um mercado conhecido na cidade. Foi nesse ambiente que ela despertou seu interesse pelo ramo alimentício. Durante quase dez anos, trabalhou no mercado até sentir que era hora de empreender por conta própria. Assim nasceu a Panitália, uma panificadora localizada na Avenida Duílio Calderari, no Jardim Paulista.
“Eu gostava muito de fazer bolo, de cozinhar, essas coisas, sabe? Isso que me levou pra esse ramo”, relembra Jane. Depois de dois anos com a panificadora, ela decidiu fundar o Feijão da Roça, entre 2007 e 2008. Mas nem por isso deixou para trás a paixão pelos bolos: até hoje, mesmo com a rotina puxada do restaurante, ela ainda prepara bolos e tortas para aniversários, casamentos e datas especiais, sempre a pedido dos clientes mais fiéis.

Thiago, desde pequeno, acompanhava a mãe nas madrugadas da panificadora. “A gente ia com ela bem cedo, 4h da manhã. Trabalhar de segunda a segunda era a rotina dela. Cresci vendo isso, aprendendo na prática”, conta. O aprendizado, segundo ele, veio na tentativa e no erro: “Nunca teve escola, foi tropeçando e levantando”.
Hoje, Thiago cuida da parte administrativa do restaurante. As decisões são divididas, nem sempre com consenso. “Dá uns B.O.s às vezes, sim! Mas a gente resolve ali mesmo. Cada um cuida da sua parte e seguimos em frente. O importante é ter esse equilíbrio”. Ele admira a firmeza da mãe, especialmente na gestão de equipe. “Tem atitudes que ela tem com funcionários que eu não conseguiria ter. Meu coração é mais mole. Ela sabe se impor”.
Em 2013, uma mudança importante consolidou a parceria. Jane precisou passar por uma cirurgia delicada e se afastar do restaurante. Thiago, que trabalhava em outro setor, assumiu a gestão do restaurante durante seis meses. “A cirurgia deu errado, tive que fazer outra. E ele segurou tudo, cuidou muito bem”, conta a mãe com orgulho. Foi nesse período que ele decidiu permanecer definitivamente no Feijão da Roça. “Pra mim foi confortável ter um braço direito. Eu não tinha”, completa.
Jane também é mãe de Dani, que atua em outro ramo comercial, mas é Thiago quem toca o restaurante com ela. No dia a dia, ele cuida da cozinha, monta cardápios, supervisiona as operações e toma decisões com autonomia. Jane entra com a experiência e a escuta fina: “Quando ele tem dúvida, ele chama. Eu dou minha opinião, ele acata se achar melhor”. Ela prefere ficar na recepção e no caixa, mantendo o contato com os clientes. “É importante a gente estar ali, presente”.
Entre as receitas que passaram de geração, está o tradicional nhoque com molho, servido nas quintas-feiras. “Tem um cliente que toda semana vem só por causa do nhoque. Ainda leva pra casa”, comenta Jane. Outro sucesso são as sopas especiais de inverno, resgate direto da cozinha da avó.
Questionada sobre o que mais emociona no Dia das Mães, Jane não hesita: “Ver meus filhos bem. Isso é o que mais importa. Tenho cinco netos, e ver que eles também estão crescendo com bons valores me mostra que venci. Que deu certo”.
E se hoje o Feijão da Roça é sinônimo de comida boa e ambiente familiar, é porque ali cada receita vem acompanhada de uma história. História de mãe e filho, de sacrifício e vitória, de tradição que alimenta o corpo e aquece o coração. Como toda boa comida feita com amor de mãe.