O cerol, utilizado em linhas de pipa, foi responsável por desligamentos consecutivos que afetaram cerca de 6 mil unidades consumidoras no sul de Curitiba na última semana de agosto. No domingo (31), 5.247 clientes do bairro CIC, próximos às ruas Raul Pompeia e Desembargador Cid Campelo, tiveram a energia interrompida às 15h40, devido ao rompimento de um cabo alimentador de energia que abastece a região. Os alimentadores são linhas que transportam eletricidade em média tensão das subestações até os transformadores, que distribuem a energia aos consumidores finais. Manobras realizadas pela Copel possibilitaram o religamento de aproximadamente 3.900 unidades consumidoras em questão de minutos. Cerca de 1.359 imóveis, no entanto, permaneceram sem energia até às 17h, quando os reparos foram concluídos e o fornecimento totalmente restabelecido.
Durante a inspeção feita pelas equipes de manutenção da Copel durante os trabalhos de religamento, foi identificado um corte reto no condutor de energia, causado por uma linha com cerol, como a causa da interrupção. Marlise Cardoso de Lemos, gerente da base de serviços de campo Curitiba-Sul, explica: “São casos frequentes em que é possível identificar a causa, porque quando se trata de cerol são cortes retos. Para resgatar as pipas enroscadas na rede elétrica, as pessoas puxam as linhas que atuam em movimento de corte como uma serra, rompendo completamente ou danificando os circuitos”.
Outra ocorrência no sul de Curitiba, vinculada ao uso de cerol, aconteceu na terça-feira (26), por volta das 15h30, afetando 1.010 clientes inicialmente na Rua Francisco Derosso com Pastor Antonio Polito, no Alto Boqueirão. As equipes de manutenção da Copel foram acionadas para realizar a troca de um isolador de rede, danificado por uma descarga elétrica. Durante a substituição, um cabo de energia parcialmente cortado por linha com cerol se rompeu. Manobras realizadas reduziram o número inicial de desligamentos em cerca de 200 unidades consumidoras. Todos os serviços foram concluídos e os clientes religados às 22h42.
Marlise, que orientou os atendimentos às demandas recentes da região, destacou que os danos causados pelo cerol afetam a rede elétrica tanto de maneira imediata quanto a longo prazo. Segundo ela, as fissuras provocadas pelo cerol são imperceptíveis em inspeções visuais e podem gerar problemas sob certas condições climáticas. “Muitas vezes as pessoas dizem: está sol e tempo bom, mas caiu a energia. É justamente em dias de vento que essas fissuras ampliam, rompendo os cabos e causando curto-circuitos que interrompem o fornecimento e colocam em risco a vida de pessoas que estiverem circulando próximo da rede”, alerta ela.
Por meio da lei n° 20.264/20, sancionada pelo governador Ratinho Junior, o Paraná proíbe “a posse, o uso, a fabricação, a comercialização e o transporte da mistura de cola e vidro, popularmente conhecida como cerol ou linha chilena, bem como de qualquer outro produto que atribua efeito cortante aos fios utilizados na prática de empinar pipa”. Descumprir a legislação pode gerar multas de até R$ 1.437,10 (para pessoa física) ou R$ 2.874,20 (para pessoa jurídica), com valores que podem ser dobrados em caso de reincidência. Quando o infrator for menor de idade, os responsáveis legais responderão pelo ato. O pagamento das multas não exime os infratores de responder pelas sanções previstas na legislação penal vigente.
Denúncias sobre o uso de cerol podem ser realizadas pelos telefones 181 (disque-denúncia do Paraná) ou pelo aplicativo 190 PR, da Polícia Militar. A Copel alerta que, em nenhuma hipótese, deve-se tentar resgatar pipas enroscadas na rede elétrica, pois tal atitude pode causar acidentes fatais. Em situações de emergência, o atendimento da Copel está disponível pelo número 0800 51 00 116. Basta ligar e teclar 1 para casos de risco à vida ou acidentes relacionados à rede elétrica.