Na manhã desta sexta-feira (1º), a Polícia Civil de Campina Grande do Sul prendeu um grupo de quatro colombianos — três mulheres e um homem — suspeitos de atuar como agiotas e de ameaçar violentamente suas vítimas. A investigação teve início após uma denúncia feita por uma moradora do município, que procurou a delegacia após contrair um empréstimo com os estrangeiros e passar a receber ameaças de morte.
De acordo com o delegado responsável pelo caso, Glaison Lima Rodrigues, os suspeitos impunham juros exorbitantes — que ultrapassavam os 30% ao mês — e utilizavam a intimidação como ferramenta de cobrança. “Eles diziam que iam matar a vítima, que iam matar o filho dela. Atuavam de forma muito incisiva e ameaçadora”, relatou o delegado.
A investigação revelou que os suspeitos não operavam por meio de uma empresa formal, mas sim como pessoas físicas, realizando empréstimos diretos a indivíduos em situação de vulnerabilidade financeira. O grupo contava com uma estrutura informal organizada: enquanto alguns dos envolvidos captavam os chamados “clientes”, outros recebiam os valores emprestados em contas pessoais, controlando a cobrança e as ameaças.
“A pessoa pegava dinheiro emprestado para pagar o juro do empréstimo anterior e assim se formava uma bola de neve. Em alguns casos, os débitos chegavam a ultrapassar os R$ 30 mil. Uma prática completamente abusiva e fora dos limites legais, principalmente se tratando de pessoas físicas, cuja cobrança de juros não pode ultrapassar 1% ao mês”, explicou o delegado.
As ameaças se estendiam além da residência das vítimas, alcançando também seus locais de trabalho — como aconteceu no caso da mulher que denunciou o esquema. Segundo a Polícia, os suspeitos residem em Curitiba, mas vinham atuando em Campina Grande do Sul há pelo menos seis meses, conforme os primeiros indícios levantados.
O grupo será investigado por uma série de crimes, incluindo agiotagem (usura), ameaça, extorsão e associação criminosa. A depender da evolução das investigações, também pode ser configurada organização criminosa, caso seja comprovado o envolvimento de quatro ou mais pessoas em funções específicas dentro da estrutura do grupo.
A Polícia Civil orienta que outras possíveis vítimas procurem a delegacia do município para registrar denúncia. “Estamos à disposição para acolher as vítimas e aprofundar as investigações, evitando que esse tipo de prática continue a acontecer na nossa cidade”, reforçou o delegado Glaison Lima.