O Pix gerou uma economia de cerca de R$ 106,7 bilhões para empresas e consumidores brasileiros desde o seu lançamento em 2020 até junho de 2025. A estimativa foi divulgada pelo Movimento Brasil Competitivo (MBC), organização que reúne empresários e outros atores da sociedade civil para promover avanços econômicos. O cálculo da economia considera principalmente a substituição de TEDs, que podem ter tarifas, e de cartões de débito, que geram taxas aos lojistas, pelo uso do Pix. Segundo o estudo, embora o Pix para empresas tenha custo, ele é “significativamente inferior” às tarifas médias aplicadas em TEDs.
O levantamento utilizou informações públicas do Banco Central para comparar os custos que seriam gerados caso os meios tradicionais de pagamento tivessem sido mantidos com os valores efetivamente pagos após a implementação do Pix. Rodolpho Tobler, economista do MBC responsável pela pesquisa, explica: “O efeito é duplo: por um lado, há menos TEDs sendo feitas; por outro, mais pessoas estão pagando empresas com Pix em vez de débito. Ambos os movimentos representam redução de custo real para o sistema.” Apenas no primeiro semestre de 2025, o Pix gerou economia de R$ 18,9 bilhões, um ritmo superior ao dos anos anteriores. O MBC projeta que, mantendo-se a adesão, os brasileiros podem economizar R$ 40,1 bilhões por ano até 2030.
Desde o lançamento, o Pix tornou-se o meio de pagamento mais utilizado pelos brasileiros, superando o dinheiro. Além disso, o Banco Central introduziu novas funcionalidades, como o Pix Saque, o Pix Troco e o Pix Automático, com novidades futuras já programadas, como o Pix parcelado e o Pix em Garantia. O modelo brasileiro também chamou a atenção internacional. Em julho, o Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês) anunciou uma investigação contra o Brasil relacionada a alegações de práticas desleais nos serviços de pagamento eletrônico, sob a gestão do então presidente Donald Trump. Embora o Pix não tenha sido mencionado nominalmente, a análise incluiu críticas a serviços desenvolvidos pelo governo brasileiro.
“A adoção do Pix representou uma mudança estrutural no sistema financeiro,” afirmou Tatiana Ribeiro, mestre em gestão e políticas públicas e diretora-executiva do MBC. “É uma solução de política pública que reduziu custos, ampliou a eficiência e melhorou o ambiente de negócios no Brasil. Ao medir esse impacto de forma objetiva, mostramos que inovação pode sim gerar competitividade e ganhos diretos para empresas e cidadãos.”
O estudo também destaca efeitos positivos indiretos do Pix, como o incentivo à formalização de pequenos negócios e a inclusão financeira, que ampliou a bancarização no País. No entanto, o MBC sugere reflexões sobre o futuro da governança do sistema, atualmente centralizado no Banco Central. “Essa centralização contribuiu para garantir a implementação com segurança e alcance nacional. Mas, olhando para o futuro, é importante discutir como preservar a neutralidade do sistema, garantir sua sustentabilidade e estimular inovação contínua”, declarou Tatiana Ribeiro.
A pesquisa do MBC comparou o Pix a sistemas internacionais como o indiano Unified Payments Interface (UPI), o britânico Faster Payments Service (FPS) e o sueco Swish. Segundo o estudo, é incomum que a operação e regulação de um sistema de pagamentos estejam concentradas em uma única entidade, como ocorre no modelo brasileiro. Essa análise reforça a necessidade de debates sobre a evolução do Pix e seu papel no sistema financeiro global.