Pesquisas recentes mostram que cerca de um terço dos usuários de redes sociais tem diminuído a frequência de postagens em comparação ao ano anterior, uma tendência mais acentuada entre os adultos da Geração Z. Segundo o escritor Kyle Chayka, isso pode ser um indício do que ele chama de “postagem zero”.
Em um artigo publicado no The New Yorker, Chayka explicou que o conceito de “postagem zero” reflete um momento em que as pessoas comuns concluem que não vale a pena compartilhar detalhes sobre suas vidas online. “As redes sociais costumavam parecer uma cópia imperfeita da minha vida social. Mas, agora, elas parecem ser um ‘conteúdo’ como outro qualquer”, afirmou o escritor.
Para Chayka, embora estejamos nos afastando das postagens, o desejo de interação despertado pelo auge das redes sociais revelou o valor do compartilhamento na vida real. “O auge das redes sociais criou um desejo maior de interações em pessoas e nos lembrou do valor de compartilhar coisas na vida real. Isso me dá um pouco de esperança”, disse.
Chayka também destacou a transformação do propósito inicial das redes sociais. Segundo ele, as plataformas deixaram de ser verdadeiramente sociais, tornando-se espaços focados em consumir conteúdos mais aspiracionais, que ele compara a mercadorias. “É mais questão de aspiração de estilo de vida, não simplesmente sobre o que está acontecendo à sua volta e como você se relaciona com seus amigos e sua família. Para mim, isso meio que elimina o propósito das redes sociais”, comentou.
O escritor apontou ainda que as pessoas normais têm perdido o estímulo para publicar, porque o foco das plataformas migrou do compartilhamento de experiências cotidianas para uma lógica semelhante à da televisão. “O que sobra para nós são os anúncios de marcas, o fast fashion e os anúncios de casas e hotéis, não mais aquele tipo de conteúdo orgânico e altamente consistente ao qual estávamos acostumados”, concluiu Chayka.
