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Pesquisa destaca confiança dos brasileiros em veículos tradicionais de informação

As redes sociais têm crescido como uma fonte de informação, mas os veículos tradicionais continuam a ser os mais confiáveis para os brasileiros, conforme a pesquisa “Como o Brasileiro se Informa?”, que será apresentada em um evento em São Paulo.

Esta pesquisa, em sua terceira edição, foi realizada pela Fundamento Análises, uma unidade da Fundamento Grupo de Comunicação especializada em inteligência de negócios, com o apoio da Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner) e do Instituto Palavra Aberta. Os resultados mostram que sites de jornais, revistas, rádios e canais de TV são a principal fonte de informação para 29% dos entrevistados, enquanto portais de notícias são para 24%. Por outro lado, as redes sociais são a fonte principal para 21% dos participantes, um aumento de sete pontos percentuais em relação à edição anterior da pesquisa, realizada em 2018.

Pesquisa destaca confiança dos brasileiros em veículos tradicionais de informação

“Um ponto positivo da pesquisa é que os veículos tradicionais ainda têm espaço. Aqueles que fazem jornalismo mesmo estão em primeiro lugar”, observa Marta Dourado, CEO da Fundamento Grupo de Comunicação.

Patricia Blanco, presidente executiva do Instituto Palavra Aberta, reconhece que o crescimento das redes sociais é um sinal de alerta, mas ressalta que a pesquisa mostra que apenas 14% dos entrevistados confiam plenamente nelas.

“Vemos que as pessoas têm a habilidade de distinguir conteúdos, diferenciando o que encontram nas redes sociais do jornalismo tradicional, mostrando maior confiança neste último. Isso é muito positivo”, comenta Blanco. Ela acrescenta, no entanto, que o aumento de veículos com viés ideológico confunde o público sobre o que é cobertura factual e jornalismo profissional e o que é jornalismo opinativo.

Regina Bucco, diretora-executiva da Aner, reconhece o crescimento das redes sociais no jornalismo profissional, mas adverte sobre os perigos quando essa expansão é baseada em jornalismo não profissional. “Agora, no período eleitoral, teremos que lidar com mentiras eleitorais”, alerta Bucco. “Criar uma mentira é baratíssimo, mas combatê-la é muito caro.”

O cenário no Brasil é semelhante ao dos Estados Unidos. Uma pesquisa realizada em maio pelo Pew Research Center mostra que a porcentagem de adultos que se informam por meio de redes sociais e sites de notícias aumentou de 37% em 2018 para 48% em 2024. Enquanto isso, a preferência pela TV caiu de 41% para 32%, e a leitura de jornais impressos diminuiu de 13% para 9%. A rádio permaneceu estável, com uma leve alta de 8% para 9%.

Pesquisa destaca confiança dos brasileiros em veículos tradicionais de informação

No Brasil, 87% dos entrevistados afirmaram acompanhar notícias diariamente, 9% disseram fazê-lo de duas a quatro vezes por semana, 3% nunca acompanham, e 1% o faz quinzenalmente.

As respostas indicam que os maiores níveis de confiança ainda estão nos meios tradicionais. Dos entrevistados, 53% confiam mais em sites de jornais, revistas, rádios ou canais de TV, 50% em portais de notícias e 47% em jornais impressos. A TV por assinatura conta com 45% de confiança, seguida pela TV aberta com 38%. Redes sociais e grupos de WhatsApp têm os menores índices de confiança, com 14% e 4%, respectivamente.

A pesquisa também revela uma queda na confiança nos meios de comunicação entre 2016 e 2024. A confiança nos portais de notícias caiu de 86% para 50%, nos jornais de 70% para 47%, na TV de 69% para 41%, no rádio de 66% para 42% e nas redes sociais de 30% para 14%.

Os brasileiros estão diversificando suas fontes de informação, com os entrevistados mencionando espontaneamente 129 diferentes veículos de mídia, abrangendo uma variedade de formatos e abrangências, incluindo veículos regionais e especializados.

Outro ponto de destaque foi o aumento da busca por notícias em veículos com claro posicionamento ideológico, refletindo o aumento da polarização política e social no país.

“A polarização é evidente na pesquisa, à medida que vemos veículos com posicionamento político claro e declarado entre as principais fontes de informação”, explica Fernanda Dabori, vice-presidente da Fundamento Grupo de Comunicação. “É nítido que uma parcela da população prefere consumir notícias alinhadas com sua visão de mundo.”

A pesquisa também indica um aumento na desconfiança dos brasileiros em relação a influenciadores digitais (59%), líderes religiosos (56%), personalidades e celebridades (50%), políticos e porta-vozes de partidos políticos (46%) e empresários e porta-vozes de empresas (40%).

As fontes mais confiáveis são pesquisadores e acadêmicos, com 72% de credibilidade, seguidos por médicos e especialistas em saúde, com 64%. Essas fontes são frequentemente as principais referências utilizadas pelo jornalismo profissional.

O levantamento também revela uma preocupação crescente com a produção de conteúdo falso por meio de inteligência artificial (IA). Questionados sobre o uso de IA para criar conteúdo falso durante campanhas eleitorais, 86% dos entrevistados expressaram preocupação com a manipulação de fotos ou vídeos de candidatos em situações polêmicas, 88% com áudios adulterados, 90% com textos falsos que aparentam ser de veículos jornalísticos e 88% com a criação de sites e postagens falsificadas.

Enquanto 42% dos entrevistados afirmaram já ter recebido alguma notícia falsa gerada por IA, 43% não têm certeza se isso aconteceu. Além disso, 45% admitiram já ter compartilhado uma notícia falsa, enquanto 47% disseram que não, e 8% não souberam responder.

Quando desconfiam de uma notícia falsa, 42% dos entrevistados verificam se ela está publicada em outra fonte confiável, 27% acessam sites de checagem de notícias, 21% fazem uma pesquisa no Google ou outro buscador na internet.

Outros 7% não fazem nada, nem mesmo compartilham, 1% perguntam para amigos e familiares, e 1% verificam se o tema está sendo discutido nas redes sociais.

“O nível de preocupação com a inteligência artificial é interessante, mas também é expressivo o percentual de pessoas que não sabem dizer se já receberam conteúdo manipulado. Isso mostra que precisamos de mais ferramentas de esclarecimento e educação”, comenta Adriana Panzini, head da Fundamento Análises. “As pessoas ainda não estão totalmente preparadas para lidar de forma objetiva com conteúdo manipulado, como já fazem com a checagem de informações.”

A pesquisa, realizada entre 5 de junho e 4 de julho, contou com a participação de 1.321 brasileiros acima de 18 anos. Dos entrevistados, 59% eram mulheres, 67% tinham 50 anos ou mais, 85% possuíam ensino superior ou pós-graduação, 50% trabalhavam em tempo integral, e 64% residiam na Região Sudeste.

Do total, 36% tinham renda entre quatro e dez salários mínimos, e 23% entre dois e quatro. A pesquisa utilizou metodologia quantitativa com preenchimento online em plataforma automatizada, com um questionário estruturado que incluía perguntas fechadas de múltipla escolha e questões abertas para menções espontâneas.

O índice de confiança da pesquisa é de 95%, com uma margem de erro de 5%.

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