O que os paranaenses sentiram nas temperaturas de outubro foi comprovado pelos dados das estações do Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar). As temperaturas médias ficaram até 2°C abaixo da média histórica. Já o volume acumulado de chuva, embora tenha dado a impressão de ser elevado devido à constância durante o mês, ficou abaixo da média em mais da metade das estações do Simepar. Das 43 estações com mais de cinco anos de operação, 25 registraram chuvas abaixo da média e 18 superaram o índice esperado para o mês.
Em Jaguariaíva, choveu apenas 42,8 mm em relação à média histórica de 168,3 mm, enquanto Altônia superou a média em 118 mm. Cidades como Cornélio Procópio, Guaíra, Maringá e Paranaguá atingiram o acumulado esperado para outubro 11 dias antes do fim do mês. Segundo o meteorologista do Simepar, Reinaldo Kneib, o volume de chuva foi impactado por sistemas meteorológicos de média escala, fenômenos típicos da primavera. Entretanto, outros fatores também influenciaram o clima, como a passagem de frentes frias pelo Atlântico, que intensificaram sistemas de tempo severo. “Outro fenômeno que atuou foi a oscilação Antártica, que, na fase negativa, aumenta a frequência dos sistemas frontais no Sul do País”, explicou Kneib.
Outro destaque de outubro foram as rajadas de vento. No dia 16, em Cascavel, os ventos chegaram a 110,5 km/h às 16h. Em Nova Tebas, no mesmo dia, foi registrada uma rajada de 103,7 km/h por volta das 19h.
No quesito temperaturas, Cascavel apresentou a maior diferença, com uma média de 19,5°C, contra os históricos 21,6°C para outubro. Outras localidades como Altônia, Antonina, Apucarana, Capanema, Cerro Azul, Cianorte, Cornélio Procópio, Guarapuava, Irati, Foz do Iguaçu, Francisco Beltrão, Guaíra, Jaguariaíva, Lapa, Laranjeiras do Sul, Loanda, Maringá, Palmas, Palotina, Paranavaí, Pinhão, Guaraqueçaba, Santa Helena, Santo Antônio da Platina, São Miguel do Iguaçu, Toledo e Ubiratã apresentaram médias de 1°C a 2°C abaixo da normalidade.
“Houve a atuação de massas de ar frio no Sul do País, fenômeno incomum nesta época do ano. Isso foi intensificado pela oscilação Antártica, reduzindo os dias quentes, como mostram os dados,” afirmou Kneib. Em 20 de outubro, Cornélio Procópio alcançou 10,4°C, a menor temperatura já registrada no mês desde 2018, quando a estação foi inaugurada. Laranjeiras do Sul marcou 8,3°C, a menor temperatura desde 2017, e o distrito de Horizonte, em Palmas, registrou 4,7°C no dia 19, o menor índice para outubro desde o início das medições em 2019.
Por outro lado, o início do mês teve calor significativo. No dia 5, temperaturas máximas de 2025 foram registradas em cidades como Loanda (39,5°C), Capanema (42,5°C no abril, porém destacada como recorde estadual), Paranavaí (37,8°C) e São Miguel do Iguaçu (37,5°C). Entre as medições do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), destacaram-se Cidade Gaúcha, com 37,8°C; Japira, com 34,3°C; e Joaquim Távora, com 36,6°C.
No Centro-Leste do Paraná, Curitiba registrou nove dias sem chuva em outubro, e Antonina teve apenas sete dias com o pluviômetro zerado. Paranaguá, por sua vez, contou com apenas seis dias secos no mês. Curitiba passou mais de 78 horas com máximas abaixo de 15ºC, o que é incomum para a primavera. Entre os dias 7 e 11, as temperaturas foram significativamente baixas para o período, com máximas entre 11,9°C e 15,7°C. Essas temperaturas estão entre as mais baixas para outubro desde que a estação do Simepar foi instalada em 1997.
O mês de outubro, portanto, foi marcado por anomalias climáticas no Paraná. Tanto recordes de frio quanto de ventos e chuvas extremas foram registrados, acentuando os impactos desses fenômenos meteorológicos sobre a população.
