Aos 70 anos de idade e em seu terceiro mandato como prefeito de Campina Grande do Sul, Luiz Carlos Assunção fala sobre os desafios e avanços deste primeiro ano de gestão, marcado pela reorganização financeira, investimentos estratégicos e fortalecimento dos serviços essenciais. Nesta entrevista exclusiva ao União Metropolitana, ele comenta a retomada do trabalho, as prioridades para os próximos anos e a motivação que o trouxe de volta ao comando do município.
União: O que motivou o senhor a voltar à prefeitura?
Prefeito: Nas minhas duas primeiras gestões aprendi muito e fiquei orgulhoso do que construímos. Decidi voltar porque ainda tenho muito a contribuir e também a aprender.
Tive a satisfação de, junto com todos os servidores, poder ajudar as pessoas e melhorar a vida de quem vive aqui. Esse é o legado que desejo deixar: entregar uma Campina Grande do Sul melhor do que a que encontrei. Isso me alegra e me motiva!
União: Quais são as principais mudanças que o senhor percebe entre o município de 2009, quando iniciou o seu primeiro mandato, e o de hoje?
Prefeito: A principal mudança está na própria população. Hoje as pessoas são mais exigentes e isso é muito bom! Com o acesso rápido a informações, a comunidade sabe melhor o que cobrar, o que criticar e como acompanhar a administração. Essa participação, quando bem intencionada, fortalece a gestão pública e melhora os resultados.
Jornal: Como o senhor avalia o cenário econômico de Campina Grande do Sul neste início de gestão?
Prefeito: Encontramos o município com grandes desafios financeiros, especialmente por causa da dívida com Antonina. Essa dívida e um precatório, uma obrigação judicial, com parcelas anuais altas, que precisamos pagar para que Campina Grande do Sul não fique inadimplente.
Logo nos primeiros meses, tivemos que decretar contenção de gastos para reorganizar as contas. Essa medida nos permitiu antecipar o pagamento da parcela deste ano (2025), de aproximadamente R$ 7 milhões, que venceria em 31 de dezembro. Essa antecipação gerou uma economia de cerca de +- R$ 1,5 milhão em juros.
Agora, resta as parcela com vencimento em 31 de dezembro de 2026 que se for paga ainda esse ano (2025) nos dará uma economia em torno de 4 milhões em juros, aí restaria a parcela de 2024 que não conseguiram pagar no vencimento e foi parcelada em 36 vezes. A então prefeita em exercício, Belenice Rutini, pagou a entrada do parcelamento de 1,5 milhões nos últimos dias do mandato, e as demais estão sendo quitadas em dia, também temos a intenção de quitar o mais rápido possível para economizar em juros.
União: De que forma a dívida impactou a reorganização das contas do município?Prefeito: Foi um processo difícil. Tivemos de adiar diversos investimentos e projetos previstos no nosso plano de governo, sempre preservando as áreas essenciais: saúde, educação, infraestrutura e desenvolvimento social, que são os pilares da nossa gestão.
Mesmo assim, conseguimos avançar. Quero destacar o empenho do secretariado e dos servidores, que compreenderam a gravidade da situação e trabalharam com responsabilidade.
Hoje, a prefeitura está com as contas equilibradas. Estamos organizados para quitar o que falta da dívida, e ainda iniciar o próximo ano com capacidade real de investimento.
União: As obras de infraestrutura sempre foram uma marca das suas gestões, desde o primeiro mandato. Mesmo com as dificuldades financeiras deste primeiro ano, o município voltou a receber importantes obras de pavimentação. Por que essa área continua sendo uma prioridade?
Prefeito: Todas as áreas têm sua importância. São 13 secretarias, cada uma com um papel fundamental. Mas algumas são determinantes para transformar a vida das pessoas, e infraestrutura é uma delas. O ambiente muda tudo. Quando o asfalto chega, junto com ele chegam mais saúde, mais educação, mais segurança e mais desenvolvimento econômico. A pavimentação melhora a mobilidade, valoriza os bairros e cria condições para que outras políticas públicas avancem. Por isso tratamos essa área como estratégica.
União: Quais são as principais obras de pavimentação em andamento?
Prefeito: Hoje estamos concentrados em duas grandes frentes: a pavimentação da Rodovia José Taverna, conhecida como Estrada da Roseira, que liga Campina Grande do Sul a Colombo, e da Estrada do Mandassaia, que passa pelo Cerne e chega à BR-116. Essas obras beneficiam diretamente os moradores e têm forte impacto no comércio, no turismo e na atração de novos investimentos.
A pavimentação da Estrada da Roseira vai facilitar o acesso aos centros comerciais de Campina, fortalecendo a economia local. Já a pavimentação da Estrada do Mandassaia cria uma nova ligação com a BR-116 e impulsiona as atividades econômicas e turísticas, especialmente o turismo rural, como os nossos pesque-pagues, cavalgadas, hotéis e outras iniciativas sustentáveis que são marca do município. Além disso, essa nova ligação asfaltada com a rodovia vai abrir espaço para futuros investimentos, inclusive industriais.
União: Qual é a meta da gestão em relação à pavimentação?
Prefeito: Vamos asfaltar 100% das ruas da área urbana. Queremos levar pavimentação a todas as vias regularizadas dos bairros. É um compromisso deste mandato.
União: Outro setor que está movimentado, apesar do período financeiro desfavorável, é a cultura, né?
Prefeito: Sim, a Secretaria de Cultura tem conseguido trazer muitas atrações culturais gratuitas e ficamos muito felizes de ver o teatro sempre cheio. São atrações com custo zero para o município, que temos conseguido trazer por meio de parcerias, e que trazem um benefício enorme. Quando ampliamos o acesso à cultura, aumentamos o pensamento crítico e formamos cidadãos mais conscientes.
União: Como o senhor avalia a situação da Saúde no município?
Prefeito: A Saúde sempre foi e continua sendo uma prioridade. Faço questão de visitar pessoalmente as unidades para ouvir a população e acompanhar de perto o atendimento. Hoje, poderíamos estar ainda melhor se não fossem as restrições financeiras impostas neste primeiro ano. Mas, com as contas agora organizadas, poderemos retomar os investimentos. A Saúde de Campina Grande do Sul é a melhor da região metropolitana de Curitiba e nosso compromisso é avançar ainda mais.
União: O município tem avançado na atração de novos investimentos?
Prefeito: Sim. Cada vez mais empresários têm buscado Campina Grande do Sul para instalar seus negócios e estamos dando atenção a todos eles. A prefeitura está fazendo a sua parte: garantindo infraestrutura, segurança jurídica e condições adequadas para receber essas empresas. Hoje temos um ambiente favorável ao desenvolvimento e à geração de empregos.
União: E como o senhor avalia o trabalho do secretariado?
Prefeito: Estou muito satisfeito. Tenho um secretariado que me orgulha: pessoas honestas, comprometidas com a gestão pública e que realmente gostam do que fazem. Estou cercado de profissionais competentes e dedicados.
União: A maioria de mulheres no secretariado foi uma decisão planejada?
Prefeito: Não, não foi planejado, aconteceu naturalmente. As escolhas foram feitas com base na competência, independentemente de serem mulheres ou homens. Hoje temos sete mulheres no primeiro escalão e poderíamos ter mais. Sei que há mulheres plenamente capazes de liderar inclusive áreas como infraestrutura e segurança. Para nós, não existe “lugar de homem” ou “lugar de mulher”, existe o lugar de quem trabalha e entrega resultados. Todas as secretárias têm uma trajetória sólida de compromisso com o município, e tenho muito orgulho de tê-las ao meu lado.
Mesmo que não tenha sido algo planejado, acho que essa composição é um bom exemplo. Ter mulheres em posições de liderança fortalece a democracia e torna a cidade mais justa, moderna e inteligente. É uma demonstração de que nossa gestão não tem medo de mudar velhas estruturas.
União: A Secretaria da Mulher e da Igualdade Racial, criada na sua gestão, é uma novidade para o município. O que te levou a criá-la?
Prefeito: Criamos essa secretaria porque Campina Grande do Sul precisava dar um passo concreto no enfrentamento às desigualdades históricas que ainda limitam o futuro de muitas pessoas. Esses temas não podem mais ser tratados como assuntos secundários ou distribuídos entre outras pastas, exigem estrutura própria e uma equipe preparada.
No caso das mulheres, a secretaria se tornou um espaço de acolhimento e diálogo, especialmente para quem enfrenta situações de violência. Também atua na promoção da independência financeira, fundamental para romper ciclos de violência, garantir autonomia e ampliar oportunidades.
A secretaria tem cumprido esse papel ao mostrar que as mulheres podem acreditar em si mesmas, conquistar sua renda sem deixar de administrar a casa e os compromissos com a família. É uma política pública que transforma vidas.
União: A parceria com os governos estadual e federal é essencial para ampliar os recursos do município. Como está esse diálogo hoje?
Prefeito: O relacionamento é muito bom. Mantemos diálogo constante com vários deputados, com o governador e também com o governo federal. Sempre que vou a Brasília ou ao Palácio Iguaçu, não vou como Luiz, mas como representante de Campina Grande do Sul. O interesse nunca é pessoal, sempre coletivo. Levo as necessidades do município e de todas as pessoas que vivem aqui.
União: Que mensagem o senhor deixa para a população neste aniversário de 74 anos de Campina Grande do Sul?
Prefeito: Primeiro quero agradecer a confiança da população e dizer que eu, o secretariado e todos os servidores estamos trabalhando com dedicação e compromisso pelo bem comum.
Sabemos que nem sempre é possível fazer tudo o que queremos, mas estamos realizando o máximo e dando o nosso o melhor, sempre com muito amor por Campina Grande do Sul.
Nossa gestão é aberta ao diálogo. Sugestões e críticas construtivas são sempre bem- vindas, e tanto eu quanto os secretários estamos de portas abertas para ouvir a comunidade e construir juntos uma cidade melhor. Há quem critique apenas por criticar, especialmente na internet, mas nosso foco está em quem quer contribuir de forma séria e construtiva. Tenho muito orgulho do que conquistamos até aqui e seguimos firmes para fazer ainda mais pelo nosso município.







