WhatsApp
Facebook
Estudo alerta para queda global na vacinação infantil e risco de doenças erradicadas

Autores de um estudo publicado na revista The Lancet alertam para uma preocupante redução na vacinação infantil contra doenças graves em todo o mundo. Entre os fatores apontados estão o aprofundamento das desigualdades econômicas, interrupções causadas pela covid-19 e a disseminação de desinformação sobre vacinas. Segundo os pesquisadores, milhões de crianças ficaram desprotegidas contra doenças como sarampo, tuberculose e poliomielite, o que resulta em um maior risco de surtos dessas enfermidades.

A queda nas taxas de vacinação foi observada em quase 100 países para casos de sarampo, por exemplo. A União Europeia registrou cerca de dez vezes mais casos da doença em 2024 em comparação a 2023. Nos Estados Unidos, só no mês de maio, os mais de mil casos confirmados ultrapassaram o total de 2024. O principal autor do estudo, do Instituto de Métricas e Avaliações de Saúde (Imas) da Universidade de Washington, ressaltou que “a vacinação infantil de rotina é uma das intervenções de saúde pública mais poderosas e econômicas”, mas enfrenta severas dificuldades atualmente.

Em 2023, quase 16 milhões de crianças permaneciam sem vacinação, sendo a maioria delas na África Subsaariana e no sul da Ásia. Um dos pontos mais preocupantes destacados no estudo é o aumento dos casos de poliomielite, uma doença erradicada em várias partes do mundo devido aos programas de imunização. Agora, há registros de casos no Paquistão e Afeganistão, enquanto a Papua-Nova Guiné enfrenta uma epidemia. A poliomielite pode levar à paralisia irreversível, é altamente contagiosa e potencialmente fatal. Em países em desenvolvimento, o vírus se dissemina por água contaminada e afeta principalmente crianças abaixo de cinco anos.

Os pesquisadores recomendam investimentos no fortalecimento de sistemas de saúde primários em todas as nações. O estudo analisou a vacinação infantil global entre 1980 e 2023, divulgando estimativas para 204 países e territórios. Embora os últimos 50 anos tenham sido marcados por progressos significativos, como a imunização de 154 milhões de crianças pelo programa de vacinação da Organização Mundial da Saúde, os autores destacam que “as persistentes desigualdades globais, os desafios impostos pela pandemia de covid, a crescente desinformação e a hesitação em relação à vacinação” têm impactado os avanços conquistados.

Emily Haeuser, coautora do estudo, destaca ainda outros fatores, como “o aumento de deslocamentos populacionais e disparidades causadas por conflitos armados, volatilidade política, incerteza econômica e crises climáticas”. Como resultado, afirmam os pesquisadores, há um aumento nas epidemias de doenças evitáveis por vacinas, colocando milhares de vidas em risco.

O estudo foi publicado antes da conferência de doadores do Gavi – The Vaccine Alliance, que aconteceu na última quarta-feira em Bruxelas. O Gavi é uma parceria público-privada que promove a vacinação de metade das crianças em todo o mundo, ajudando a prevenir mais de 14 milhões de mortes desde sua criação, no ano 2000. Esse impacto contribuiu para a redução da mortalidade infantil em quase metade de 73 países com baixos índices de desenvolvimento.

WhatsApp
Facebook

Publicações relacionadas

ALEP - PARANÁ COM TUDO E COM TODOS (copy at 2025-06-02 15:47:47)
Compartilhe
WhatsApp
Facebook
WhatsApp
Olá, fale conosco!