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Especialistas explicam como clima e luz solar influenciam transtorno depressivo sazonal no Paraná

O Transtorno Afetivo Sazonal (TAS) é reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um transtorno depressivo, mais comum durante o outono e o inverno, principalmente em locais afastados da linha do Equador. Nessas regiões, os dias de inverno são mais curtos, expondo as pessoas a menos luz solar. A falta de exposição à luz pode afetar a produção de neurotransmissores essenciais ao humor e ao sono, causando alterações emocionais.

No Paraná, as condições climáticas variam de acordo com a região. Dados do Simepar mostram que, entre 1º de janeiro e 3 de setembro, Curitiba registrou 97 dias de chuva, enquanto Telêmaco Borba teve 100; Pinhão, 105; Cascavel, 89; Pato Branco, 92; e Antonina, 131. Já no Noroeste, Paranavaí registrou 76 dias de chuva, sendo apenas 11 desde o início do inverno, em 20 de junho. Maringá contabilizou 74 dias de chuva, com 13 no inverno; Apucarana teve 76 dias, também com 13 no inverno; e Londrina apresentou 77 dias de chuva no total, sendo apenas 9 no inverno.

“No Norte do Estado é muito raro ter quatro dias seguidos, por exemplo, com o tempo fechado e chuvoso. Já no Litoral e Região Metropolitana isso não é tão difícil e, às vezes, é possível ter períodos muito maiores do que isso no Sul do Estado, onde também tem dias bem mais frios do que em outras regiões”, explica Marco Jusevicius, coordenador de operações do Simepar.

Ainda sobre o mesmo período de 252 dias neste ano, Curitiba registrou 55 dias com temperatura abaixo de 10°C, Guarapuava teve 60 dias nessa condição, enquanto Palmas apresentou 81 dias. Em contrapartida, Maringá teve apenas 15 dias com temperaturas inferiores a 10°C.

A psicóloga Izabela Neves Freitas, especialista em luto e depressão, explica que regiões mais frias e chuvosas tendem a apresentar maior incidência de TAS, devido às alterações nos ritmos circadianos e ao desequilíbrio de neurotransmissores ocasionados pela redução da exposição à luz solar. “Percebo no atendimento clínico, no período chuvoso, as pessoas pedindo mais a consulta online. E muitas das pessoas que vêm presencialmente estão com menor qualidade do estado emocional”, afirma.

“A pessoa vai ter um prejuízo no trabalho, porque não está indo trabalhar, ou vai ganhar peso porque não está indo para a academia, e é aí que precisamos estar de olho. A tristeza do inverno pode ser comparada com a preguiça. Já a depressão sazonal é realmente a intensidade de não fazer as coisas”, completa a psicóloga.

Segundo Izabela, manter regularidade no sono é fundamental para equilibrar o ciclo circadiano e evitar os efeitos do TAS. Ela também ressalta a importância da exposição à luz solar, mesmo em rotinas de trabalho noturno. “O tempo cinza leva as pessoas a também dormirem mais. Ou estando em um ambiente fechado, por exemplo, as crianças e os adolescentes ficam mais tempo nas telas. Isso muda o ciclo circadiano da pessoa. A gente precisa dormir de noite e acordar com a luz do dia”, enfatiza. Para aqueles que trabalham à noite, Izabela recomenda: “O mais indicado é respeitar a quantidade e os horários de sono nos dias em que não estiver de plantão.”

O desequilíbrio no ciclo de sono e a baixa exposição solar também podem agravar a falta de vitamina D, como explica a psicóloga. “A falta dela, mesmo que seja em proporções pequenas, causa um desânimo e bloqueia também a entrada de outras vitaminas importantes para nós, como a vitamina C e a B12. Mesmo com um suplemento vitamínico às vezes fica difícil de suprir, e aí a pessoa pode entrar em um processo depressivo que leve a situações mais graves, que necessitem de medicação.”

Marco Jusevicius lembra que a sensação térmica varia para cada pessoa e depende de fatores como vento e umidade. “A meteorologia fala pelos números. Não usa a percepção, pois ela é bem pessoal e pode ser enganosa quanto aos dados reais. O sensor de temperatura da estação meteorológica fica abrigado. O ar está constantemente passando por ele, mas não está sendo aquecido nem resfriado, mesmo que esteja formando gelo ou sob sol intenso do lado de fora do sensor. Assim é possível saber a temperatura real do ar naquele local”, esclarece.

De acordo com Izabela, incorporar práticas prazerosas no cotidiano pode ajudar a aliviar os efeitos do TAS. “O primeiro passo é o impulso para fazer mais coisas, para amenizar os sintomas, para que o organismo consiga reagir e que não entre no processo depressivo. Por exemplo, a pessoa pode ter bons relacionamentos, fazer amizades, exercício físico, coisas que sejam prazerosas, que deem sensação de satisfação, para suprir a falta que já vai ter do clima, do tempo.”

A psicóloga também recomenda cumprir, ao menos, as ações rotineiras nos dias mais difíceis e ter um plano alternativo diante de imprevistos. “O que escolhemos tem que ser bom para nós. E o que não escolhemos, como, por exemplo, a temperatura, a cor do céu, a gente precisa lidar e ter tolerância à frustração, porque nem tudo é sempre como queremos”, conclui.

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