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Dom Edmar deixa o cargo e levanta dúvidas: o padre Messias ainda pode permanecer em Campina?

A renúncia de Dom Edmar Peron do comando da Diocese de Paranaguá, anunciada nessa terça-feira (20) trouxe comoção e reflexões entre os fiéis. Mas, nos bastidores da Igreja, o gesto também reacendeu uma polêmica que já vinha mobilizando a comunidade católica de Campina Grande do Sul: a transferência do padre José Messias Almeida Santos, pároco há três décadas no município, para Matinhos, no litoral paranaense.

A decisão, tomada por Dom Edmar e publicada oficialmente no último dia 11 de abril, pegou muitos fiéis de surpresa. A transferência do padre Messias — figura central da vida religiosa e comunitária do Santuário Nossa Senhora de Fátima — gerou comoção, despedidas antecipadas e protestos discretos por parte de fiéis que viam no pároco um símbolo de estabilidade espiritual e social na cidade.

O anúncio do pedido de renúncia de Dom Edmar veio um dia após o padre Messias ser homenageado pela Câmara de Campina Grande do Sul. Durante a sessão ordinária da segunda-feira (19) o pároco foi agraciado com uma Moção de Louvor, proposta pelo vereador Helton Colere. O mesmo vereador, no dia 14 de abril, já havia apresentado um Pedido de Reconsideração endereçado a Dom Edmar Peron, solicitando que a transferência do padre Messias fosse revista. Embora o pedido não tenha surtido efeito prático, ele evidenciou o grau de envolvimento do padre Messias com a comunidade — e com representantes políticos — na tentativa de manter o sacerdote no município.

Dom Edmar Deixa O Cargo E Levanta Dúvidas: O Padre Messias Ainda Pode Permanecer Em Campina?
Foto: Divulgação. Dom Edmar Peron.

Diante do novo cenário e dos recentes acontecimentos, uma pergunta tem mobilizado os fiéis: a decisão sobre a transferência poderá ser revista? Afinal, quem assinou o decreto de mudança já não ocupa mais o cargo de liderança da Diocese.

Segundo fontes do próprio santuário ouvidas pela reportagem, a resposta é não. A transferência permanece válida. Isso porque, ainda que Dom Edmar tenha deixado a função pastoral, todos os atos oficiais por ele assinados têm valor canônico e seguem em vigor. A administração interina da Diocese foi assumida por Dom Bruno Elizeu Versari, bispo de Ponta Grossa, que, como Administrador Apostólico, não tem autoridade para desfazer nomeações, transferências ou decretos emitidos por seu antecessor.

A reportagem também procurou a Diocese de Paranaguá para esclarecer a situação. Em resposta, foi informado que o tema está sob responsabilidade do Administrador Apostólico, Dom Bruno Elizeu Versari, que assumiu interinamente o comando da diocese até que um novo bispo seja nomeado pelo papa — o que deve ocorrer entre quatro a seis meses.

Em nota encaminhada à imprensa, Dom Bruno reforçou o caráter transitório da função e indicou que sua missão é dar continuidade à condução da Diocese, e não reverter decisões já tomadas. Ele declarou: “Agora Dom Edmar passa o bastão, está em minhas mãos. Daqui vou conduzindo o bastão com todo empenho, com toda a força, até o dia que também passarei para outro”. O bispo também reforçou que vem com espírito de equipe e serviço, “para, junto com os padres, continuar levando a missão de evangelizar o povo de Deus nesta porção da Diocese de Paranaguá”.

O pedido de renúncia de Dom Edmar Peron foi aceito pelo Papa Leão XIV, o que chamou atenção porque o sacerdote tem 60 anos de idade, bem distante dos 75 anos exigidos pelo Código de Direito Canônico para renúncias obrigatórias de bispos. Ele alegou esgotamento físico e espiritual como motivação para o afastamento, após quase dez anos à frente da Diocese de Paranaguá.

A sucessão episcopal e a movimentação de padres são procedimentos comuns na Igreja Católica, mas o que torna este caso especialmente sensível é o peso simbólico e afetivo que o padre Messias carrega na comunidade. Foram quase 30 anos à frente do Santuário, 27 deles como pároco, marcando gerações com sua presença próxima, sua liderança ativa e seu envolvimento com causas sociais e espirituais da cidade.

Dom Edmar Deixa O Cargo E Levanta Dúvidas: O Padre Messias Ainda Pode Permanecer Em Campina?
Foto: Divulgação. Padre José Messias.

A saída precoce de Dom Edmar e a transferência de um dos padres mais queridos da região marcam o fim de um ciclo e o início de um período de transição incerto para a Diocese de Paranaguá — e, especialmente, para Campina Grande do Sul.

Dom Edmar reconhece erros e se despede com pedido de perdão: “Minhas forças chegaram ao limite”

Em uma carta comovente dirigida aos fiéis, o agora bispo emérito revelou que sua decisão foi tomada com serenidade e oração, motivada pelo cansaço físico e espiritual e pela consciência de que suas forças haviam chegado ao limite.

Publicada no dia 20 de maio, a carta percorre memórias, reflexões bíblicas, agradecimentos e, principalmente, um gesto de humildade: o pedido de perdão. Dom Edmar reconheceu publicamente seus erros ao longo da missão episcopal:
“Tenho necessidade de pedir perdão. Se puderem, por favor, perdoem-me pelas vezes que fui duro, quando deveria ter sido compreensivo, e pelas vezes que fui fraco, quando deveria ter sido forte”, escreveu, demonstrando consciência de que sua saída pode ter deixado “tristes e ofendidos”.

O bispo ainda pediu que a comunidade siga perseverante na fé e na oração. “O tempo a seguir necessitará da oração perseverante ao Espírito Santo, para entender o que o Senhor está querendo realizar em nossas vidas e em nossa Diocese”, afirmou, mantendo o tom esperançoso de que o Jubileu reacenda a fé da Igreja local.

Também expressou gratidão aos agentes de pastoral, à PASCOM diocesana e aos meios de comunicação — com ênfase nos veículos da cidade — pelo apoio durante seus quase dez anos à frente da Diocese.

Ao final da mensagem, ele se confiou à intercessão da Virgem Maria, São José e São Miguel Arcanjo, encerrando com palavras de fé e despedida:
“Deus nos ama, Deus ama a todos, e o mal não prevalecerá! Estamos todos nas mãos de Deus.”

A Diocese de Paranaguá será conduzida temporariamente por Dom Bruno Elizeu Versari, nomeado Administrador Apostólico, até a escolha de um novo bispo pelo Papa.

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