WhatsApp
Facebook
De Quatro Barras para as comunidades, empresário renova a tradição de 50 anos do Fusca-trenó

O cheiro de gasolina e a luz piscante de LEDs se misturam ao aroma do Natal nas ruas de Quatro Barras, Campina Grande do Sul e Curitiba. Esqueça o trenó puxado por renas voadoras: aqui, a magia é entregue a bordo de um clássico Fusca vermelho, totalmente customizado.

É o fusca-trenó do Papai Noel, conduzido por Ivanmar Zamboni, 61 anos, ex-policial militar aposentado e empresário, morador de Quatro Barras. Todos os anos, ele deixa os negócios em segundo plano para assumir sua missão mais especial: encarnar o bom velhinho e levar encanto para quem mais precisa. Para Ivanmar, a iniciativa vai muito além de um hobby — é um chamado para “levar a magia do Natal onde as pessoas não têm condições”.

De Quatro Barras para as comunidades, empresário renova a tradição de 50 anos do Fusca-trenó
Foto: Adilson Santos / União Metropolitana. Ivanmar posa ao lado do fusca-trenó que se tornou símbolo do Natal na região.

Uma herança de 50 anos em quatro rodas

O projeto do Fusca-Trenó não nasceu com Ivanmar, mas sim com uma inspiração duradoura. Ele conta que a primeira ideia surgiu com o subtenente Ori Estoco (Rodoviária) em 1985, tornando o projeto um legado de mais de 50 anos na região.

De Quatro Barras para as comunidades, empresário renova a tradição de 50 anos do Fusca-trenó
Foto: Divulgação. Registro histórico de Ori Stoco, idealizador do Fusca-Trenó.

Com o afastamento do senhor Estoco por questões de saúde, Ivanmar — que se orgulha de ser um verdadeiro quatro-barrense — assumiu o manto e a responsabilidade pelo Fusca natalino. O veículo, um clássico modelo 1971 especialmente adaptado para essa missão, está totalmente iluminado, sonorizado e até ganhou suas próprias “renas” de fibra. A restauração das peças ficou a cargo do professor Enéas, irmão de Jonas Corrêa, idealizador do famoso “Parque dos Dinossauros”, uma das principais atrações turísticas do município.

“Isso aqui é do primeiro Fusca. Eu tirei de lá. Eu peguei de lá. Ele negociou, ele me deu isso aqui,” explica Ivanmar, orgulhoso de dar continuidade a essa tradição, que se tornou sua principal causa durante as festas de fim de ano.

A missão: chegar onde ninguém mais vai

“Eu vou lá, no meio do mato, no fim do mundo, porque eles merecem também.”

No mês de dezembro, a agenda de Ivanmar Zamboni é apertada, priorizando instituições sociais e comunidades distantes. Sua rota inclui desde os hospitais Pequeno Príncipe e o Erastinho – em Curitiba – até bairros de difícil acesso como Taquari e Ribeirão, em Campina Grande do Sul, como também o Tigre e Rio do Meio, em Quatro Barras.

Sua filosofia é clara e profundamente emotiva: a magia do Natal deve ser democrática. “Eu vou lá, no meio do mato, no fim do mundo, porque justamente é isso. Eles merecem também. Eles não têm condições de vir no shopping e ver uma decoração. Suas condições financeiras não ajudam, e se vão, são discriminados,” desabafa.

De Quatro Barras para as comunidades, empresário renova a tradição de 50 anos do Fusca-trenó
Foto: Divulgação. No meio da comunidade, o fusca-trenó se torna o centro das atenções e faz a alegria da criançada.

Além da distribuição maciça de balas e presentes — que, ele revela, custa entre R$ 20 e 25 mil do próprio bolso — a missão de Ivanmar vai além dos presentes. Ele comenta: “O que eu mais gosto de fazer não é entregar o presente. É dar a mão, abraçar, ficar junto, brincar, conversar com as crianças e os idosos. Eles sentem muita falta desse carinho, desse contato.” Essa dedicação é especialmente forte quando fala das crianças em casas de amparo e dos idosos em lares que recebem poucas visitas.

Histórias que alimentam a fé❤️

“A magia do Natal tem que ser democrática.”

A recompensa de Ivanmar não é financeira, mas emocional. Ele carrega histórias inesquecíveis — como a de vendedores de rua que, ao vê-lo na saída da missa na Igreja do Guadalupe, doaram os alfajores que deveriam vender, pedindo apenas que ele os entregasse às crianças.

Outro ponto que reforça a força simbólica do Fusca-Trenó é o respeito que ele desperta nas comunidades mais vulneráveis. Ivanmar explica que, ao chegar nesses locais, a própria dinâmica das ruas muda: “Parece que existe um entendimento geral de que aquele momento é das crianças. Quando o Fusca chega, tudo se reorganiza para que a gente possa passar e levar a magia do Natal”, relata.

Ele reconhece que o mundo é injusto, mas mantém sua perseverança com um propósito claro: “amenizar a dor deles, para que não tenham tanta frustração e para que sejam pessoas de bem.”

O verdadeiro presente

Ivanmar Zamboni não tem dúvidas de sua crença: ele é um mensageiro da paz e da fé. Ele resume a sua missão com a certeza de que a presença e o afeto são o maior milagre. Para ele, o Espírito de Natal é isso: garantir que todos — da criança no hospital ao idoso esquecido e ao morador da área mais remota — sintam que “o mundo não esqueceu deles.”

“Que o barulho do motor do Fusca-Trenó continue sendo a trilha sonora da esperança nas ruas da nossa região neste Natal”, conclui Ivanmar. Quem quiser acompanhar de perto as rotas, fotos e ações do projeto pode seguir o perfil @fuscadopapainoel no Instagram.

WhatsApp
Facebook

Publicações relacionadas

Compartilhe
WhatsApp
Facebook