Muitos brasileiros estão se perguntando como o metanol é produzido após o aumento nos números de casos por intoxicação. O metanol é um tipo de álcool simples, incolor e quase sem odor, que pode ser confundido com o etanol, presente em bebidas alcoólicas. No entanto, diferente do etanol, o metanol é extremamente tóxico. Quando ingerido, ele é transformado pelo organismo em formaldeído e, depois, em ácido fórmico, podendo causar desde dores de cabeça e náuseas, até perda de visão, convulsões e morte.
O metanol é produzido principalmente a partir do gás natural (metano). O processo envolve a reação do metano com vapor e monóxido de carbono, em condições controladas, dentro de fábricas com altos padrões de segurança, devido à toxicidade do produto e dos gases utilizados no processo. Por isso, não é possível produzir metanol de forma improvisada ou em pequenas instalações. No Brasil, a venda do metanol é regulada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), sendo necessária licença, alvará e certificado de vistoria para a compra em grandes volumes. Ainda assim, embalagens pequenas, contendo cerca de um litro, podem ser encontradas na internet por preços a partir de R$ 20.
Por sua toxicidade, o metanol não deve ser ingerido em nenhuma circunstância, e sua presença em bebidas alcoólicas adulteradas representa um sério risco à saúde pública. O Paraná registrou até o momento três casos confirmados de intoxicação por metanol. Todas as vítimas são homens e moradores de Curitiba, com idades de 36, 60 e 71 anos, que permanecem internados recebendo acompanhamento médico especializado. A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) descartou suspeitas de intoxicação por metanol em Foz do Iguaçu, Cruzeiro do Oeste e Ponta Grossa, após exames laboratoriais não confirmarem a presença da substância ou critérios clínicos.
Por outro lado, dois casos ainda estão em investigação: um em Maringá e outro em Toledo. Ambos envolvem homens de 27 anos que estão hospitalizados, aguardando o resultado de exames. Desde sábado (4), o Ministério da Saúde enviou ao Paraná 220 ampolas de etanol farmacêutico, utilizado como antídoto no tratamento de intoxicação por metanol. O medicamento é encaminhado diretamente aos hospitais que atendem os casos notificados pelo Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS).
A quantidade de antídoto utilizada varia conforme o peso do paciente e a gravidade do caso. O protocolo prevê uma “dose de ataque” inicial e uma dose de manutenção, que pode durar de algumas horas até 24 horas. Em situações graves, um único paciente pode necessitar de até 100 ampolas. No Paraná, dois pacientes já foram tratados com o medicamento e o Estado aguarda o envio de novos lotes de etanol farmacêutico pelo governo federal.
O metanol não altera o cheiro ou o sabor das bebidas, impossibilitando sua identificação durante o consumo de álcool adulterado. Os sintomas podem aparecer entre 12 e 24 horas após a ingestão e costumam se confundir com os sinais de uma ressaca, como dor abdominal, náuseas e confusão mental.
Sintomas iniciais (6 a 24 horas após a ingestão):
– Dor de cabeça (cefaleia)
– Náuseas e vômitos
– Sonolência e falta de coordenação
– Tontura e confusão mental
Sintomas graves (após 24 horas):
– Dor abdominal intensa
– Alterações visuais: visão turva, fotofobia, percepção de pontos escuros ou “campo nevado”, e, em casos graves, cegueira
– Dificuldade respiratória e hiperventilação
– Convulsões e coma
A Sesa recomenda que qualquer pessoa com sintomas de intoxicação por metanol procure imediatamente um serviço de saúde. Além disso, todos os casos suspeitos devem ser reportados a um dos quatro Centros de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox) do Paraná, que fornecem orientações sobre a conduta clínica e notificam a Sesa por meio da Rede CIATox.
Telefones dos CIATox no Paraná:
– CIATox Curitiba: 0800 041 0148
– CIATox Londrina: (43) 3371-2244
– CIATox Maringá: (44) 3011-9127
– CIATox Cascavel: (45) 3321-5261
Para evitar intoxicações por metanol, a Sesa listou algumas medidas de precaução:
– Compre bebidas apenas em estabelecimentos confiáveis.
– Desconfie de preços muito abaixo do normal.
– Verifique se o líquido contém partículas ou impurezas.
– Confira se o lacre da embalagem está intacto.
– Observe rótulos mal aplicados, com erros de ortografia ou informações borradas.
– Procure pelo registro do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) na embalagem.
– Em destilados, verifique o selo do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) próximo à tampa.
– Estabelecimentos devem exigir nota fiscal dos fornecedores para garantir a procedência e rastreabilidade dos produtos.
Em caso de suspeita de intoxicação, procure imediatamente um serviço de saúde.
