O Dia do Câncer na Infância é lembrado em 15 de fevereiro em todo o mundo. No Brasil, esse mal já representa a primeira causa de morte (8% do total) por doença entre crianças e adolescentes de 1 a 19 anos. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca) os tumores mais frequentes na infância e na adolescência são as leucemias (que afetam os glóbulos brancos) e os que atingem o sistema nervoso central e os linfomas (sistema linfático).
É o caso Kauanny Falavinha Sutil, hoje com 19 anos, que aos 11 foi diagnosticada com Leucemia Mielóide Aguda. “Ela sentia dores nas pernas, falta de ar e falta de apetite. O diagnóstico foi muito rápido. No primeiro momento a gente não consegue raciocinar o que está acontecendo com nosso filho, mas Deus nos permite suportar e lutar. Além disso, tivemos a benção de encontrar uma equipe médica do Dr Ricardo Pasquini, Dr. Lisandro, Dra. Carmem, Dra. Gisele que concluíram o diagnóstico com muita rapidez e eficiência”, conta a mãe de Kauanny, Maria Lucia.
Segundo ela, a filha ficou um ano hospitalizada, passou por dois transplantes de medula óssea, mais de 100 sessões de quimioterapia e 10 sessões de radioterapia. “O tratamento tem um período prévio de cinco anos, onde o primeiro ano após o transplante é o mais crítico. Tudo foi feito no Hospital Nossa Senhora das Graças. Posso dizer que a nossa maior dificuldade foi o medo e a insegurança, mas Deus sempre esteve e está no comando!”. Hoje, Kauanny está curada. “Graças a Deus está e somos gratos todos os segundos de nossas vidas pelo milagre da cura em nossa menina. Estamos a D+ 2.778 dias, ou seja, 7 anos e 2 meses livres da doença”.
Maria Lucia lembra que o câncer é uma doença traiçoeira. “Não temos como prevenir, por isso é importante ter um breve conhecimento, pois o diagnóstico precoce faz toda a diferença para a cura e é possível diante um conjunto de sintomas, como dores no corpo, palidez, falta de apetite, manchas roxas e cansaço. Por este motivo, é grande importância de ficar muito atento aos sintomas de seus filhos, levar imediatamente ao médico e solicitar exames”.
Nos casos de leucemia, o transplante de medula óssea é decisivo para a cura do paciente. “Efetuar o cadastro para ser doador de medula óssea é simples: a pessoa vai a um centro de doação de sangue, o Hemocentro, efetuar uma coleta de 5 ml de sangue, o qual irá para um centro de análise, o Redome, onde hospitais do mundo inteiro tem acesso para consulta de compatibilidade. E se for compatível com alguém, que está lutando para viver, acontece o procedimento. Eu fui doadora da minha filha e posso afirmar que não é nada que vai afetar o organismo do doador. Após o procedimento, no prazo de 15 dias o organismo do doador regenera todo o líquido doado e estará apto para uma nova doação. Por isso eu faço um apelo a todos que puderem se cadastrar e ajudar a salvar mais vidas ”, concluiu Maria Lucia.
Também acometem crianças e adolescentes o neuroblastoma (tumor de células do sistema nervoso periférico, frequentemente de localização abdominal), tumor de Wilms (tipo de tumor renal), retinoblastoma (afeta a retina, fundo do olho), tumor germinativo (das células que originam os ovários e os testículos), osteossarcoma (tumor ósseo) e sarcomas (tumores de partes moles).
Ainda conforme o Inca, nas últimas quatro décadas, o progresso no tratamento do câncer na infância e na adolescência foi extremamente significativo. Hoje, em torno de 80% das crianças e adolescentes acometidos da doença podem ser curados, se diagnosticados precocemente e tratados em centros especializados. A maioria deles terá boa qualidade de vida após o tratamento adequado.
Estatística
A estimativa para 2020 é 8.460 novos casos, sendo 4.310 para o sexo masculino e 4.150 para o sexo feminino.
Prevenção
Nos tumores da infância e adolescência, até o momento, não existem evidências científicas que deixem claro a associação entre a doença e os fatores ambientais. Logo, prevenção é um desafio para o futuro. A ênfase atual deve ser dada ao diagnóstico precoce e à orientação terapêutica de qualidade.
Sinais
O Inca alerta que os pais devem estar alertas ao fato de que a criança não inventa sintomas. Ao sinal de alguma anormalidade, devem levar seus filhos ao pediatra para avaliação. Na maioria das vezes, os sintomas estão relacionados a doenças comuns na infância, mas isto não deve ser motivo para descartar a visita ao médico.