Nos últimos dias, temperaturas muito altas ultrapassaram os 40ºC em partes do Brasil, quebrando recordes e destacando os perigos do calor extremo. Mortes relacionadas a essas condições já foram registradas ao redor do mundo, uma vez que o corpo humano, assim como em situações de frio intenso, também pode entrar em colapso sob calor excessivo. A temperatura exata em que isso ocorre depende de fatores como idade, condições de saúde e ambiente. Em temperaturas corporais em torno de 40ºC, já há motivos para preocupação. Testes em câmaras de exposição mostram que temperaturas de 42ºC colocam em risco até pessoas jovens e saudáveis. No entanto, esses ambientes controlados não refletem o mundo real, onde a tolerância pode ser ainda menor dependendo de elementos como doenças preexistentes, idade e conforto térmico das habitações.
Grande parte das cidades brasileiras não dispõe de construções adaptadas para variações climáticas extremas ao longo do ano. Sem bom isolamento térmico, muitas pessoas sentem frio ou calor mesmo dentro de suas casas. Nos bairros periféricos de grandes metrópoles, os riscos são ainda maiores devido à precariedade habitacional e à presença limitada de áreas verdes, fatores que agravam os efeitos do calor extremo. Além disso, as características climáticas de cada região influenciam. Por exemplo, enquanto os moradores de São Paulo começam a sentir desconforto com o calor a partir dos 28ºC, em Teresina é comum lidar bem com temperaturas até 34ºC.
Os grupos mais vulneráveis aos efeitos do calor são idosos e pessoas com doenças crônicas, devido à menor eficiência dos mecanismos naturais de regulação térmica do corpo, como suor, pelos corporais e vasodilatação. Entre esses grupos, a possibilidade de desidratação é mais elevada, especialmente em crianças e idosos, que nem sempre percebem a necessidade de beber água. Níveis críticos de desidratação podem provocar sintomas como urina escura, boca e pálpebras ressecadas e até problemas graves como coágulos sanguíneos, hipertensão, infartos ou arritmias, com maior risco para quem sofre de condições cardiovasculares preexistentes.
Para minimizar esses riscos, especialistas recomendam atenção redobrada com crianças e idosos, incentivando-os a beber mais água. Além disso, deve-se evitar a prática de exercícios físicos entre 10h e 16h, os períodos mais quentes do dia, e manter os ambientes bem ventilados, deixando janelas abertas e utilizando ventiladores. Reconhecer os sinais de desidratação e tomar medidas preventivas são essenciais para evitar complicações graves nos dias de calor intenso.