Três bares localizados no Largo da Ordem, na região central de Curitiba, foram desapropriados pela prefeitura na última terça-feira (14/10). Ao todo, cinco pequenos comércios situados na Travessa Nestor de Castro encerraram as atividades para dar lugar à ampliação do Memorial de Curitiba e à implantação da chamada Rua da Memória. A declaração de utilidade pública dos imóveis foi feita em 2022.
Segundo a prefeitura, os estabelecimentos estavam sob determinação judicial para a desocupação dos inquilinos, com o cumprimento do mandado de imissão de posse em favor do município, que ajuizou as ações entre 2023 e 2024. A intervenção faz parte do projeto Curitiba de Volta ao Centro, que busca revitalizar a região central da cidade e valorizar seu patrimônio cultural. Conforme comunicado oficial, a Rua da Memória será um eixo de conexão entre o Memorial de Curitiba e a Casa da Memória, com o objetivo de unir espaços multiculturais que preservam a história local.
Além disso, segundo a prefeitura, o projeto inclui a recuperação urbana da região, a valorização da arquitetura de prédios históricos e a melhoria da mobilidade ativa, com novas calçadas, infraestrutura cicloviária e integração ao transporte coletivo.
A medida foi criticada por Fábio Aguayo, presidente da Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas (Abrabar). Apesar de reconhecer a importância da revitalização, ele afirmou que a decisão foi tomada de forma abrupta e sem diálogo com os comerciantes. “Vimos com tristeza a imposição da força do poder público contra empresários que estão tentando sobreviver, restabelecer. Eu sei que nós precisamos resgatar o Centro Histórico da cidade, mas sempre com sensibilidade humana”, destacou.
Aguayo também comentou que alguns empresários estavam tentando reativar suas atividades em outros locais, mas muitos enfrentaram dificuldades para obter novos alvarás. Segundo ele, a desapropriação impactou diretamente cerca de 80 famílias dependentes dos trabalhadores dos bares. “Um ficou dez meses na licença de obra para conseguir fazer o seu negócio andar. A gente espera que a prefeitura dê esse auxílio, esse suporte”, afirmou.
A associação aguarda que o município pague as indenizações devidas aos proprietários e inquilinos, de forma a minimizar os prejuízos e resolver a situação da melhor maneira possível. A prefeitura não divulgou detalhes sobre os pagamentos das indenizações até o momento.