A saúde pública do Paraná dá um avanço significativo no planejamento reprodutivo com a inclusão do implante subdérmico contraceptivo de etonogestrel no Sistema Único de Saúde (SUS). O método, conhecido comercialmente como Implanon NXT, que no setor privado pode custar entre R$ 2 mil e R$ 4 mil, agora é oferecido gratuitamente na rede pública, ampliando o acesso para mulheres e adolescentes a uma tecnologia moderna e eficaz.
Para assegurar a implementação segura do novo método, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), em parceria com o Ministério da Saúde (MS), promoveu na terça-feira (25) uma oficina de qualificação destinada a profissionais dos 38 municípios referências das 22 Regionais de Saúde. O implante subdérmico é um contraceptivo reversível de longa duração (LARC), com eficácia de até três anos e retorno rápido da fertilidade após a remoção, reduzindo falhas comuns no uso de anticoncepcionais diários ou mensais.
A incorporação ao SUS foi determinada pelas Portarias MS nº 47 e 48, de 8 de julho de 2025, com previsão de distribuição nacional de 500 mil unidades em 2025 e expansão para 1,8 milhão até 2026. Segundo a Pesquisa Nascer no Brasil II (2021/2023), entre 33% e 40% das gestantes entrevistadas não planejavam a gravidez. Em 2022, partos de mães com até 19 anos representaram 12,3% dos nascimentos no Brasil. A ampliação de métodos contraceptivos como o implante busca combater a gestação não intencional e fortalecer os direitos reprodutivos.
O secretário estadual da Saúde, Beto Preto, destacou que a medida é um marco no acesso a métodos contraceptivos eficazes. “Ampliar o acesso ao implante é dar mais autonomia e segurança às mulheres paranaenses. Estamos garantindo uma rede preparada, com profissionais qualificados e um método moderno, eficaz e seguro. Investir em planejamento reprodutivo é investir em saúde, dignidade e futuro”, afirmou.
O dispositivo será ofertado para adolescentes e mulheres em idade fértil, conforme critérios de elegibilidade do Ministério da Saúde. Ele se soma a métodos já disponíveis no SUS, como DIU de cobre, pílulas, injetáveis, preservativos, laqueadura e vasectomia.
A oficina de qualificação reuniu cerca de 150 profissionais, entre médicos, enfermeiros e gestores, representantes do Conselho Regional de Enfermagem do Paraná (Coren/PR) e do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde (Cosems/PR). Durante o evento, foram distribuídos kits com cartilhas, aplicadores e placebos, além da realização de treinamentos com simulações para a prática de inserção e retirada do implante. Gestores municipais também participaram de debates sobre organização da oferta, fluxos assistenciais e planejamento territorial.
Maria Goretti David Lopes, diretora de Atenção e Vigilância em Saúde da Sesa, reforçou o papel da iniciativa em reduzir desigualdades regionais. “A qualificação dos profissionais e a organização dos serviços são fundamentais para que esse novo método chegue a quem mais precisa. A inserção do implante amplia o cuidado, reduz desigualdades e fortalece os direitos sexuais e reprodutivos de mulheres e adolescentes”, declarou.
Camila Farias, enfermeira e consultora técnica da Coordenação Geral de Atenção à Saúde das Mulheres do Ministério da Saúde, ressaltou que a ampliação de métodos contraceptivos oferece mais liberdade às mulheres. “O implante é o método reversível de longa duração mais seguro e eficaz disponível atualmente. Nosso objetivo é disponibilizar essa segurança para toda a população brasileira, prevenindo gestações não planejadas. Estamos aqui para fornecer o insumo e a informação adequados, reforçando que incorporamos novas tecnologias para ampliar o acesso à população”, concluiu.
O Paraná já recebeu 25.620 unidades do implante, que foram integralmente distribuídas aos municípios. Inicialmente, 38 cidades com mais de 50 mil habitantes foram contempladas, conforme diretrizes federais. Até o próximo semestre, a previsão é de que o método esteja disponível em todas as 22 Regionais de Saúde, expandindo o acesso ao planejamento reprodutivo em todo o Estado.
A chefe da Divisão de Atenção à Saúde da Mulher da Sesa, Carolina Poliquesi, apontou os próximos passos na implementação. As Regionais de Saúde e os municípios organizarão fluxos, definirão equipes qualificadas e ampliarão gradualmente a oferta do implante. “A incorporação representa uma garantia de direitos na escolha e no momento de ter filhos, especialmente para mulheres que não podem utilizar outros métodos do SUS. A mensagem é de ampliação do acesso e acolhimento, promovendo a saúde das mulheres por meio das consultas de planejamento reprodutivo”, concluiu Carolina.
Entre os 38 municípios contemplados na fase inicial estão Almirante Tamandaré, Apucarana, Arapongas, Araucária, Cambé, Campina Grande do Sul, Campo Largo, Campo Mourão, Cascavel, Castro, Cianorte, Colombo, Curitiba, Fazenda Rio Grande, Foz do Iguaçu, Francisco Beltrão, Guarapuava, Ibiporã, Irati, Londrina, Marechal Cândido Rondon, Maringá, Medianeira, Palmas, Paranaguá, Paranavaí, Pato Branco, Pinhais, Piraquara, Ponta Grossa, Prudentópolis, Rolândia, São José dos Pinhais, Sarandi, Telêmaco Borba, Toledo, Umuarama e União da Vitória.







