O Paraná aparece como o quinto estado brasileiro com maior taxa de casos de violência interpessoal e autoprovocada entre jovens, segundo estudo divulgado nesta segunda-feira (25 de agosto) pela Fiocruz. A pesquisa destaca que fatores como faixa etária têm mais peso do que a localização geográfica quando se trata de violência e acidentes, abrangendo desde cidades do interior até centros urbanos.
No estado, a taxa de mortalidade por causas externas (a cada 100 mil habitantes) é de 167,4 na população geral, mas entre jovens de 15 a 29 anos esse índice sobe para 185,7. Ainda mais expressiva é a taxa de incidência de notificações por violência interpessoal ou autoprovocada: na população em geral, o índice é de 373,8, mas entre os jovens, atinge 553. Trata-se da quinta maior taxa do país, bem acima da média nacional de 407,9. Apenas Distrito Federal (696,1), Espírito Santo (637,8), Mato Grosso do Sul (629,1) e Roraima (623,5) registram números mais elevados.
O levantamento da Agenda Jovem Fiocruz (AJF) e da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) utilizou dados de 2022 e 2023 do Sistema Único de Saúde (SUS) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A pesquisa constatou que, em todos os estados e no Distrito Federal, a taxa de mortalidade por violências e acidentes é maior entre os jovens do que na população como um todo, com diferenças superiores a 50% na maioria dos casos. Na Paraíba, por exemplo, essa diferença chega a 90%.
Os dados mostram que 65% das mortes de jovens entre 2022 e 2023 ocorreram em decorrência de causas externas, como violências e acidentes, somando 84.034 dos 128.826 óbitos nesse período. A taxa de mortalidade por causas externas entre jovens é de 185,5 mortes por 100 mil habitantes, superior à da população geral, que é de 149,7. No grupo de jovens de 20 a 24 anos, essa taxa sobe ainda mais, alcançando 218,2. Enquanto isso, causas externas representam apenas 10% dos óbitos no conjunto da população brasileira. Além disso, mais de um terço dos casos de violência notificados no SUS (36%) envolvem jovens.
O estudo destaca que jovens no final da adolescência, entre 15 e 19 anos, estão mais sujeitos a sofrer violência física, muitas vezes em situações de conflitos, enquanto aqueles com idades entre 20 e 24 anos, faixa associada ao início da vida profissional, são mais propensos a mortes violentas. A análise revelou que 47% das violências sofridas por jovens são físicas, seguidas por violência psicológica ou moral (15,6%) e violência sexual (7,2%). De acordo com o documento, “quanto mais velha a vítima, maior a proporção de violência psicológica. Quanto mais jovem, maior a proporção de violência física.”