Quem frequentou o extinto Tio Sam nos anos 80 e 90, provavelmente já dançou ao som de Claudio Massahiro Koga, mais conhecido como DJ Timiko. Hoje com 60 anos e morando no Japão, ele carrega até hoje o orgulho de ter feito parte de uma das fases mais emblemáticas da vida noturna da cidade.
Tudo começou quando Timiko fazia parte da equipe de sonorização SOS, comandada por Toti, um dos nomes mais respeitados no ramo de áudio em Curitiba. A SOS foi a responsável por montar o sistema de som do Tio Sam, e foi nessa ponte que o DJ acabou assumindo as pickups da casa. Antes disso, ele animava festas na Sociedade Primavera, com outro equipamento.
“Minha primeira noite lá foi bem diferente de tudo o que eu estava acostumado. O público do Tio Sam adorava dançar passinhos, quase todos faziam as coreografias juntos. Era muito divertido”, lembra.
Timiko ficou cerca de cinco anos comandando as noites da casa. O repertório? Um verdadeiro passeio por clássicos dos anos 80, com direito a muito eurodance e hits que até hoje ecoam na memória dos antigos frequentadores. Modern Talking e Bad Boys Blue eram presenças garantidas nas playlists, assim como pedidos especiais que sempre surgiam — mesmo que Legião Urbana, por exemplo, quase não entrasse na programação.
Além da música, o clima de amizade entre os frequentadores e a equipe também marcou época. “A gente jogava futebol, vôlei vivíamos juntos. Eu conhecia as músicas preferidas de quase todo mundo. Os grupos de passinhos estavam lá todo fim de semana. Tinha gente que não faltava nunca”, conta.
Um dos eventos mais aguardados do ano era o tradicional Baile do Horror, organizado pela própria equipe da casa. “A decoração era feita por nós mesmos, com personagens de filmes, maquiagens feitas pelo pessoal de um circo de Curitiba e até um labirinto na entrada. Era muito engraçado. E lógico, a ‘Thriller’, do Michael Jackson, nunca faltava no repertório”, lembra o DJ.
O som, claro, era outro motivo de orgulho. Quase tudo era produzido pelo próprio Toti, desde as caixas até os sistemas de iluminação. “Trabalhar com uma equipe de som de ponta naquela época era motivo de orgulho. A qualidade era indiscutível”, destaca Timiko.
A força das amizades construídas ali é tamanha que, mesmo hoje, morando do outro lado do mundo, ele mantém contato com muitos daqueles que conheceu no Tio Sam. “Até o atual prefeito de Campina frequentou lá. Nossa amizade segue até hoje”, conta, rindo.
Em 1992, Timiko decidiu mudar de vida e foi para o Japão. Por lá, trabalhou como DJ e locutor em uma grande casa noturna por dois anos, comandando noites de flashback com sucessos brasileiros dos anos 80. “A maioria do público era de brasileiros. Os japoneses têm um gosto um pouco diferente, mais voltado ao house, mas foi uma experiência incrível”, relembra.
Hoje, casado e com um filho, Timiko ainda guarda com carinho seus equipamentos originais — incluindo os tão sonhados Technics, mixer e caixas — além de uma coleção de discos de vinil que, segundo ele, “não tem preço”.
E para quem ficou curioso: entre as músicas que mais marcaram suas noites de Tio Sam, ele cita de pronto três clássicos: “Can’t Go Back”, do Fleetwood Mac; “Nowhere Fast”, da trilha de Streets of Fire; e “Dancing with Myself”, do Billy Idol.
“Paixão eterna”, resume o DJ.
Você viveu os tempos de ouro do Tio Sam?
O Jornal União Metropolitana convida você que dançou, amou, riu, chorou (ou até levou um tombo no passinho!) a compartilhar suas histórias. Vale tudo: fotos, lembranças de concursos, amizades que surgiram na casa, aquele hit que marcou uma noite ou qualquer momento inesquecível que o Tio Sam deixou na sua vida.
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Porque o Tio Sam não foi só um lugar — foi uma fase da vida. E cada memória merece ser contada!
