O Paraná finalizou nesta semana o Plano Estadual de Segurança no Trânsito – PETRANS-PR 2025-2030. O estado foi o primeiro do Brasil a concluir o documento, que busca fortalecer a implementação de políticas de segurança viária e promover mobilidade sustentável, oferecendo ferramentas para o monitoramento e avaliação contínua das ações.
Dados de 2020 revelam um índice de mortes no trânsito de 21,7 por 100 mil habitantes no Paraná. O PETRANS-PR tem como meta reduzir este índice pela metade, para 10,8 por 100 mil habitantes, até 2030. O plano prevê melhorias na infraestrutura viária, ações intersetoriais entre segurança pública, saúde, educação, meio ambiente e mobilidade urbana, fortalecimento da governança e a implementação de 30 metas específicas com 115 ações detalhadas.
A construção do plano foi realizada pelo Grupo Técnico Interinstitucional responsável pela implantação do Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito no Paraná (GT PNATRANS-PR). O grupo integra 35 entidades, incluindo secretarias estaduais, órgãos públicos e organizações da sociedade civil. Após dois anos de desenvolvimento sob coordenação do Detran-PR, o documento foi aprovado em junho e segue para análise da Casa Civil antes do lançamento oficial.
O Paraná liderou ao ser o primeiro estado do Brasil a aderir ao Pnatrans, em 2021, e a formar um grupo técnico dedicado à sua implementação. “A construção coletiva do PETRANS-PR mostra que estamos tratando a segurança viária com a seriedade e o comprometimento que ela exige. Não é apenas um plano, mas uma política pública permanente em defesa da vida”, afirmou Santin Roveda, presidente do Detran-PR e secretário executivo do GT Pnatrans-PR. Ele destacou que o plano reflete o compromisso do Estado em garantir a segurança viária: “Não há progresso possível sem garantir o direito de cada paranaense de ir e vir com segurança.”
O PETRANS-PR também contribui para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS 3.6 – redução pela metade das mortes no trânsito até 2030) e para a Agenda 2030 da ONU. Inspirado na estratégia sueca Visão Zero, que rejeita qualquer morte no trânsito, o plano propõe um modelo sistêmico de segurança baseado em sistemas seguros e mudanças no paradigma tradicional.
Durante a elaboração do plano, foram levantados dados preocupantes sobre o trânsito no Estado. Entre 2010 e 2024, a taxa de motorização cresceu 51,2%, enquanto as emissões de CNHs diminuíram 24%, com alta de 54,3% entre mulheres. Em 2023, municípios com menos de 20 mil habitantes, que abrigam 21% da população, concentraram 29% das mortes no trânsito. Já nos municípios com mais de 100 mil habitantes, onde vivem 55% da população, ocorreram 42% dos óbitos.
As faixas etárias mais atingidas por mortes no trânsito em 2023 foram jovens de 20 a 29 anos (21% das vítimas) e idosos com 60 anos ou mais. O custo médio de um sinistro é de R$ 107 mil, enquanto o custo com feridos é de R$ 159 mil e, nos casos fatais, ultrapassa R$ 1 milhão. Em 2023, internações por lesões de trânsito geraram mais de R$ 20 milhões de gastos no SUS, sendo que motocicletas representaram R$ 10 milhões desse montante em 2024.
Assim como outras regiões do Brasil, o Paraná enfrenta desafios significativos, como sinistros associados ao excesso de velocidade, consumo de álcool e desrespeito às leis de trânsito. O sucesso do plano dependerá do envolvimento de todos os setores, incluindo o Estado, instituições e cidadãos.