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Riscos persistem nas Unidades de Conservação do Paraná devido à presença de balões, apesar da proibição

No domingo, dia 4 de junho, a tranquilidade do Parque da Serra da Baitaca, localizado entre Piraquara e Quatro Barras, na Região Metropolitana de Curitiba, foi interrompida por uma coluna de fumaça. O motivo foi a queda de um balão movido a ar quente, perturbando os visitantes que buscavam desfrutar dos atrativos naturais, como o Caminho do Itupava, o Morro do Anhangava e o Morro Pão de Loth.

Embora essa cena seja comum nesta época do ano, marcada por temperaturas mais baixas e clima seco, é importante ressaltar o perigo que isso representa, já que o balão é feito de materiais inflamáveis e pode causar grandes danos à vegetação nativa da Unidade de Conservação (UC). Segundo a direção do parque, estima-se que de 8 a 12 balões sobrevoem mensalmente as áreas de conservação, incluindo também regiões próximas, como o Pico do Marumbi.

“Quando consideramos a área percorrida por esses balões, principalmente em dias de céu aberto e tempo seco, que favorecem trajetos mais longos, percebemos o potencial prejudicial dessa atividade. Ela pode causar incêndios de grandes proporções e destruir uma extensa área de Mata Atlântica”, alerta Marina Gomes Rampim, técnica do Instituto Água e Terra (IAT) e responsável pelas Unidades de Conservação Estaduais dos Parques da Serra da Baitaca e do Pico do Marumbi.

É importante destacar que soltar balões ou fornecer materiais para sua confecção é uma infração grave, sujeita a multa que varia de R$ 1.000,00 a R$ 10.000,00 por unidade que cause dano ao meio ambiente. Além disso, a legislação prevê pena de detenção de um a três anos, conforme estabelecido nos artigos 42 e 59 do Decreto Federal 6.514 de 2008. Em 2022, a Polícia Civil do Paraná instaurou quatro inquéritos para investigar a soltura de balões em Curitiba.

Rafael Hartmann Gava, coordenador da Brigada Caratuva, um grupo voluntário de prevenção e combate a incêndios florestais e especialista em Prevenção e Combate a Incêndios Florestais, explica que desde 2020 o grupo estabeleceu uma rede de contato com grupos de montanhismo e moradores locais para rastrear e monitorar os balões com frequência. “Se houver risco iminente de queda desses balões em áreas protegidas, informamos os grupos formais da Defesa Civil para que as medidas necessárias sejam tomadas”, complementa.

Ele destaca que, caso haja risco de o balão chegar à Planície Litorânea, o grupo Foco no Fogo é imediatamente acionado para assumir o monitoramento na região. “Muitas vezes, os moradores não percebem as colunas de fumaça geradas pelos balões. Através dos montanhistas voluntários, conseguimos triangular as informações e identificar o local de onde foram emitidos”, afirma.

Além dos danos ao patrimônio natural, Marina Gomes Rampim ressalta que os próprios baloeiros colocam suas vidas em perigo com essa atividade. “Esses balões podem cair em locais de difícil acesso, dificultando o resgate dos envolvidos e a segurança dos visitantes dos parques”.

O clima desta época do ano, entre outono e inverno, acaba favorecendo essa prática ilegal. Isso ocorre não apenas devido à tradição das festas juninas, quando a confecção de balões é mais comum, mas também pelas condições atmosféricas favoráveis. “No inverno, o ar frio se torna mais denso em altitudes mais baixas, impulsionando a subida e o alcance dos balões de ar quente guiados pelo vento”, explica Lineu Filho, voluntário do grupo de resgate do Corpo de Socorro em Montanhas (Cosmo), uma entidade parceira do IAT na segurança de algumas Unidades de Conservação, como o Pico do Marumbi.

Existe também a preocupação com a publicidade gerada pelos balões. “Evitamos divulgar imagens por causa do orgulho que elas geram dentro dos grupos de baloeiros. Isso acaba estimulando outras pessoas a aderirem a essa prática”, diz o coordenador da Brigada Caratuva. “Existem grupos organizados, inclusive por WhatsApp, que se mobilizam para soltar balões, tratando isso como um evento”, acrescenta Marina.

Em caso de emergências, incêndios ou incidentes relacionados a balões, a Polícia Civil orienta entrar em contato com o Corpo de Bombeiros pelo telefone 193. Se o crime for flagrante, também é possível acionar a Polícia Militar.

Foto: IAT-PR.

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